"Urrolus" no séc. XIII e "Hurroos" no séc. XIV, Urrós pertenceu ao extinto concelho de Algoso até à reforma administrativa do séc. XIX. Depois, passou a integrar o actual concelho de Mogadouro. Esta vetusta aldeia encerra no seu território um dos mais vastos patrimónios arqueológicos da região. Só por isso, merece bem umas quantas visitas. Além do mais, o casco urbano é bonito e encontra-se razoavelmente preservado. Já perdi a conta às minhas incursões arqueológicas, mas ainda não vi tudo, pelo que outras se seguirão.
Desta feita, fui conhecer o sítio do "Lagarico", referenciado no chamado "Endovélico" e a que o meu amigo Artur Barrios já me tinha prometido conduzir. A viagem foi quase acrobática, pois foi feita em cima do pára-lamas de um Landini 6500. O que, em terreno extremamente sinuoso e inclinado não é tarefa para todos... Mas, valeu bem a pena, pois permitiu-me descobrir o terceiro lagar escavado na rocha (depois do de Tó e do de Algosinho). O local é bem próximo do caudal do Douro e situa-se em zona que outrora foi cultivada com vinha. Actualmente, campeia por ali uma vasta e densa mata de belíssimos zimbros.
Vista deslumbrante do sítio...
Pormenores do lagar, que apenas possui o chamado "calcatorium", sem o "lacus", embora haja alguma pedra solta no local, que indicia a eventual construção de estrutura inferior de apoio. Tal como nos que visitei anteriormente, a cronologia é indeterminada por falta de elementos de suporte que permitam indicar uma época definida.
O meu guia, cuja amizade muito me honra e apraz.
Uma vez regressados à aldeia, encontrámos o alcaide local, Belarmino Pinto, que fez questão de me mostrar o Museu Rural de Urrós, instalado nesta bonita casa, logo por detrás da torre sineira que servia para tocar a rebate sempre que "pássaro estranho entrava na gaiola", no feliz dizer de um investigador. Ou seja, sempre que algum passarão de fora rondava uma menina lá da aldeia, este sino servia para dar o sinal e obrigar o atrevido a "pagar o vinho".
Duas estelas funerárias encontradas por um habitante local quando agricultava um terreno seu, que espero que o Armando Redentor estude condignamente para depois nos fornecer a sua avisada leitura.
Pedra da parede do Museu, que foi certamente reutilizada, pois são bem visíveis três cruzes, que indiciam que fez parte da padieira de alguma porta, indicando que ali habitava cristão-novo.
Curioso e rude artefacto que servia para desmamar os vitelos. O conceito era assaz violento, como o próprio Belarmino me referiu.
O meu grande bem haja aos meus dois guias nesta manhã esplêndida que passei em terra de roleses.