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domingo, 6 de março de 2016

Serra da Velha, em Remondes

A noite esteve gélida, mas isso não foi suficiente para afastar uma pequena multidão que participou ontem à noite em mais uma recriação da festa da "Serra da Velha". Na edição do ano passado fiz a leitura deste ritual de raiz pagã (ver aqui). Estão, mais uma vez, de parabéns o executivo local, liderado por António Cordeiro, bem como a Associação de Desenvolvimento Social e Cultural de Remondes, liderada por Conceição Meirinho, pela preservação das suas (nossas) tradições.
Foto: Francisco Pinto.
Apenas duas breves notas críticas:
- em minha opinião, não devia ser feita a explicação do ritual dentro do próprio ritual, pois não me parece ser de interesse. As pessoas vão lá para assistir à festa e não para que lha expliquem (ainda por cima, a exposição feita não estava muito correcta, nomeadamente na parte em que se afirmou que é uma tradição típica do Nordeste);
- com o devido respeito por opinião contrária, achei a festa do ano passado mais genuína, sóbria e autêntica.

domingo, 15 de março de 2015

"Serrar a Velha" em Remondes

"Esta velha tem malícia,
Esta velha vai morrer,
Venha ver serrar a velha,
Muita gente venha ver!"

"Serrem a velha,
Deixem a nova!
Serrem a velha
Até à cova!"
(versos retirados do panfleto distribuído em Remondes).

Em 2014, por iniciativa da União de Freguesias de Remondes e Soutelo, presidida pelo dinâmico António Cordeiro, foi retomada uma tradição que se tinha perdido há cerca de trinta anos atrás. Numa organização conjunta com a Associação de Desenvolvimento Social e Cultural de Remondes, este ano manteve-se a festividade a que pude assistir pela primeira vez. O cortejo, cujos participantes vão chocalhando e produzindo grande ruído e alarde, vai percorrendo as ruas da aldeia de Remondes e pára em locais predeterminados. Uma vez ali, a figura que vai em cima do carro de bois (embora, neste caso, puxado por um par de burros) lê um verso com crítica social, mandando serrar aquela velha. Em baixo, dois homens vão serrando um tronco. No fim de cada alocução, o coro que persegue o carro manifesta-se em uníssono. Depois de cada paragem, o cortejo coloca-se novamente em marcha, e assim sucessivamente até completar o percurso.


Mas, falemos um pouco desta tradição. Transversal a todo o país, realiza-se de Norte a Sul. Assenta em usanças pagãs, cuja origem se perde no tempo e tem lugar na cristã Quaresma (em mais uma das múltiplas "adaptações" católicas aos rituais pagãos). Como é sabido por quem se interessa por estas coisas, o calendário do universo rural não se prende com as comezinhas divisões administrativas oficiais. A vida do agricultor rege-se por ciclos produtivos (como, muito bem, referiu Carlos Ferreira no colóquio de S. Pedro da Silva). Já Jorge Dias dizia que "ao homem do campo o calendário interessa pouco." (in Rio de Onor).
A respeito desta festa cíclica, escreveu Teófilo Braga que "a Quaresma é representada por uma entidade e logo que se chega a metade deste período de sete semanas, faz-se a Serração da Velha. Entre os árabes, os sete dias de solstício do inverno são chamados os dias da Velha." (in O Povo Português...). Assim, na opinião deste eminente estudioso, o Serrar da Velha não representa mais do que a celebração do final do Inverno. Esta estação do ano é figurada pela Velha, cuja serração simboliza o seu fim. Até ao novo ciclo...

Algumas palavras finais de apreço:
1. para António Cordeiro pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo com as suas persistentes pesquisas; Que nunca se canse...
2. pela excelente refeição que nos foi servida no final. Como disse o Mário Correia, há bem há que não comíamos uma massa que nos soubesse tão bem! Parabéns a quem a confeccionou...
3. para a participação maciça da juventude. Mais uma vez, garantia de continuidade do ritual...
4. ao executivo municipal. A sua presença serve para valorizar o trabalho da comunidade...

sábado, 11 de maio de 2013

Os fornos do Santo Antão

Convidado pelo AECT Douro/Duero, no âmbito de uma acção de intercâmbio jovem, inserido num conjunto de actividades a envolver rapaziada da Polónia, Itália, Espanha e Portugal, fui até Remondes, onde tive o prazer de conhecer pessoalmente António Cordeiro, gestor do blog "Remondes On Line". Por proposta dele, fomos em passeio até à bela quinta de Santo Antão, onde já tinha estado o ano passado, na festa local.
 Nesta altura do ano, os montes enchem-se de cores sortidas que embelezam de forma ímpar a nossa região. A propósito das giestas com flor amarela, António Cordeiro explicou-me que elas foram introduzidas na Península pelos romanos e que se destinariam a combater a "ronha" - doença que afectava o gado ovino.
 A magnífica flor da esteva.
Casa típica, no meio da aldeia de Remondes, "emparedada" por duas construções recentes.
 A quinta de Santo Antão, com os seus prados floridos.
 António Cordeiro a servir de cicerone a um grupo de italianos.
Um dos muitos fornos da pequena localidade.
Fotos: Antero Neto.
Uma das curiosas características do pequeno aglomerado urbano do Santo Antão prende-se com o elevado número de fornos de cozer o pão que ali se podem encontrar. A explicação, segundo António Cordeiro, prende-se com as péssimas relações de vizinhança, que faziam com que ninguém quisesse depender de favores dos outros. Impressionante! Os italianos ficaram incrédulos. Como é que era possível?
Foi uma boa caminhada, onde pude aprender mais alguma coisa. O meu muito obrigado à Conceição Meirinhos, em representação da AECT e da autarquia local, e a António Cordeiro, que é um poço de conhecimento, e com quem tenho que voltar a encontrar-me para mais umas visitas ao termo de Remondes.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Presença romana junto ao Sabor: o Cabeço da Grincha

Devido às obras da barragem do rio Sabor, estão a ser levados a cabo inúmeros trabalhos arqueológicos no respectivo vale. Já aqui tinha dado conta de um sítio arqueológico próximo da ponte de Remondes. Na altura, desconhecia do que se tratava.
Sei agora que naquele local existiu um habitat romano, no sítio do "Cabeço da Grincha", freguesia de Remondes.
Sei igualmente que foi feita uma pequena alocução sobre este local, numas jornadas de arqueologia, em Zamora, Espanha. Pena que não esteja disponível o respectivo texto, para podermos ter mais informação acerca da presença romana no vale do Sabor.

Fotos: Antero Neto.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Remondes - 1824

9 de Outubro de 1824.
"João Manuel, solteiro, lavrador, de idade de trinta e quatro anos, natural desta freguesia, testemunha juramentada aos Santos Evangelhos, aos costumes disse nada.
E perguntado ele testemunha devassamente pelos artigos da visita, disse que é público e notório nesta freguesia que Isabel Pereira, viúva, natural e assistente nesta freguesia, é mulher devassa, tanto assim que tem parido várias vezes, e de como assim o disse assinou com ele rev.º visitador. E eu P. António Luís Mendes, secretário da devassa, que esta escrevi."

Nota: o meu muito obrigado ao Dr Carlos Seixas pelo livro que generosamente me emprestou.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Remondes






Fotos: Antero Neto.
Terra de milionários, de excêntricos e de gente muito trabalhadora, Remondes vai conhecendo o destino de tantas e tantas outras aldeias do interior: o despovoamento. Não deixa de ser curioso observar o moderno polidesportivo descoberto. Quem jogará lá?
Em Remondes, a par das imponentes "maisons", que reflectem o poderio económico de uma nova geração, ainda se podem observar muitas casas típicas. Infelizmente, o tempo e o abandono vão deixando as suas marcas indeléveis.
Ontem foi dia de convívio, proporcionado pelo Rogério, que nos serviu um belo almoço, a que se seguiram jogos tradicionais (malha, fito, lançamento da charrua e do ferro). Nunca tinha lançado o ferro. Confesso que me diverti bastante com a "competição". Ainda bem que há quem vá passando aos mais novos estas práticas ancestrais.