Feira dos Gorazes - história

No pretérito dia 10, a convite da direcção da ACISM, participei no programa da Rádio Brigantia ("Viagens na Minha Terra"), onde dissertei sobre a história da Feira dos Gorazes. Faltou-me referir que nas informações fornecidas pelo pároco de Mogadouro no âmbito do inquérito paroquial de 1758, o prelado escreveu que se fazia feira anual em 15 de Setembro e 15 de Outubro. As feiras em questão tinham três dias, sendo os dois primeiros dedicados ao "trato" e o terceiro ao gado, no "cabeço".

Já agora, outra curiosidade a propósito da festa de N. Sra do Caminho: escreveu o responsável religioso que a mesma era uma grande romaria que se realizava a... 15 de Agosto!

Feiras e mercados da vila de Mogadouro

E porque estamos em dia de inauguração de Feira dos Gorazes, aqui fica um pouco de história, tirada da obra do Abade de Baçal.

Como se pode verificar, o figurino era ligeiramente diferente do actual. Havia duas feiras anuais. A feira era mensal (agora, realiza-se quinzenalmente, a 2 e 16 de cada mês). E havia ainda o mercado da terceira quinta-feira de cada mês.

Praça da Alegria, RTP 1, sexta-feira, dia 14

No próximo dia 14, sexta-feira, a partir das 10.00 h da manhã, vou estar nos estúdios da RTP, em Vila Nova de Gaia, para participar no programa "Praça da Alegria", onde irei falar de gastronomia e cultura mogadourense, no âmbito da "Feira dos Gorazes".

Feira dos Gorazes

Uma pequeníssima nota a propósito da origem do termo Gorazes: Viterbo, citando o foral manuelino de Salzedas, abordando o termo "Corazil", que é o mesmo que "Gorazil", ou "Goarazel", diz que se trata de "(...) huma espadoa de porco, a saber, todo o quarto dianteiro com doze costas (...)".

Feira dos Gorazes - 2010

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Começa já no próximo dia 14 a tradicional Feira dos Gorazes. As origens desta feira remontam supostamente ao séc. XIII, onde aparece pela primeira vez uma menção escrita a uma feira em Mogadouro.
O jornal "Republica" relatava em 21-10-1913 que esta feira se encontrava “(…) hoje muito decadente, em virtude da pavorosa emigração para a América do Sul”.

O certame conheceu altos e baixos, alguns dos quais relacionados, como vimos, com as oscilações demográficas do concelho. Muito embora esta feira anual não se encontre confinada à população do concelho de Mogadouro, uma vez que é tradicionalmente frequentada por gente de toda a região.
A feira decorria habitualmente durante três dias. Depois foi perdendo fôlego e duração. Até que a ACISM, em colaboração com a autarquia tomou conta do evento e transformou-o numa espécie de feira/festival que anima a vila durante quatro a cinco dias.

José Rentes de Carvalho, no seu blog "Tempo Contado" lega-nos este relato de 1944:

"Há três dias que não param os rebanhos, as manadas, récuas, fatos, varas, ciganada, peleiros, gente da tenda, pobres de pedir. A rua cheira a bodum. Não saio dali porque passa o mundo. Aleijados, caldeireiros, o doutor Adelino de Carviçais, magro, com óculos de ouro, vestido de preto sobre um cavalo preto, guardas, almocreves, sardinheiros, burros com cântaros, burros com caixas, burros com gente.
Por fim vamos nós, acordados de madrugada, viajando no escuro. Embalado pelo chouto da mula, adormeço antes de passarmos as Quintas das Quebradas."