Uma das primeiras coisas que costumo dizer a quem nos visita, é que temos uma óptima gastronomia. Às vezes gosto de acreditar naquilo que digo. Para quem vem cá pela primeira vez, isso não deixa de ser verdade. Pode comer a posta, o bacalhau à lagareiro ou a costeleta de vitela. Não vai sair desiludido.
O pior é que se quiser vistar-nos uma segunda vez, esbarra precisamente... em mais do mesmo. Esta é a nossa realidade. Doa a quem doer. Apesar de sermos uma região rica em géneros alimentícios com características únicas, oferecemos sempre os mesmos pratos!
Isto vem a propósito do cabrito. Aqui há dias apeteceu-me comer cabrito. Pensei: é fácil arranjar cabritos na região. Qualquer restaurante o pode ter. Puro engano. Nenhum (dos que procurei, obviamente) tinha!
E borrego? Na ementa apenas conheço um restaurante que o tem com regularidade...
E as cascas? São relegadas para o pobre papel secundário de "prato do dia"!
E os grelos? A acompanhar uma boa alheira caseira, constitui um dos conjuntos mais saborosos que conheço. Mais um triste "prato do dia". Na ementa fixa... nada!
E a feijoada à transmontana? Por mais que se peça, servem-nos sempre dobrada... à moda do Porto!
Talvez valesse a pena reflectir sobre este autêntico deserto de ideias gastronómico que assola os nossos "chef's"...