“He
abundante de trigo, centeyo, vinho, algum azeite, muito sumagre, castanha,
linho pouco, e boas hortaliças.”
Descrição corográfica da aldeia de Bruçó (1747)
Sumagre, nas arribas de Vilarinho dos Galegos (foto: Antero Neto).
“No entanto, [o sumagre] chegou a ser uma das principais
fontes de riqueza das zonas ribeirinhas transmontanas, nomeadamente nos séc.s
XVI e XVII. A esse facto não é alheia a forte comunidade judaica transmontana
com ligação à curtição e comercialização de peles (com reminiscências recentes
nas localidades de Carção e Argozelo, no concelho de Vimioso, onde ficaram
famosos os peliqueiros).
O uso do sumagre era precedido de um processo de preparação
que envolvia a secagem das folhas e subsequente redução a pó em moinhos
próprios, muito semelhantes aos do azeite, e que se denominavam atafonas.
Foi na transição do séc. XVII para o séc. XVIII que se deu o
auge desta cultura em toda a região de Riba-Douro, chegando a assumir um certo
protagonismo nas exportações portuguesas para o norte da Europa, que era grande
produtor de peles, mas que não produzia sumagre, que apenas se dá em zonas com
clima mediterrânico.” (NETO, Antero, in,
BRUÇÓ - As Memórias Paroquiais de 1747 e 1758 - Notas Históricas e Etnográficas)