Este petisco era comum nas casas dos lavradores em tempo de matança do porco (confesso que em minha casa não se usava).
A confecção inicia-se com a junção dos ingredientes: pão, sangue de porco cozido, alho, caldo de carnes, azeite, maçãs, laranjas e azeitonas.
De seguida, corta-se o pão em fatias muito finas (sopas) e coloca-se uma primeira camada no prato.
Depois, junta-se uma camada de sangue cozido. Outra de sopas e assim sucessivamente. A última camada de sangue leva o alho picado.
Quando este processo estiver concluído, deita-se o caldo de carnes sobre o conjunto.
Por fim, adiciona-se o azeite a ferver.
Finalmente, colocam-se as maçãs e as laranjas fatiadas para enfeitar o prato (há quem também junte azeitonas).
Last, but not least, há que comer. Bom apetite...
Post Scriptum: depois de feita esta publicação, o amigo e leitor atento, Zé Maria Silva, de Castelo Branco (residente em Lisboa), enviou-me mensagem em que fez duas observações. A primeira prende-se com o uso da laranja. Se é tradicional. Apenas posso responder que nas aldeias ribeirinhas do Douro a cultura da laranja sempre existiu. Nas outras localidades, desconheço se usavam a laranja.
A segunda tem a ver com a espécie de maçã usada. A maçã que se utiliza é a popularmente conhecida como "agre", ou "ácida". Porquê? Penso que a explicação reside em dois factores complementares: é a única maçã que se conserva naturalmente até ao Inverno e o seu sabor, ligeiramente ácido, serve para contrapor ao paladar forte do sangue de porco cozido.