domingo, 21 de junho de 2015

Urrós: "Pegadas dos Mouros", necrópole e "Pena Campã"

Mais uma viagem a Urrós, na demanda das inúmeras riquezas patrimoniais e arqueológicas que o seu território alberga. Mais uma vez, a condução foi feita por ti Artur Bárrios, complementada pela preciosa colaboração do alcaide local, Belarmino Pinto. O objectivo principal da visita era a fraga com gravuras em forma de pegadas. Ti Bárrios não sabia bem o nome. Chamava-lhe a fraga do testamento, pois terá ouvido a um estudioso, em tempos, que as gravuras seriam uma espécie de testamento. Começámos por visitar duas sepulturas pétreas, próximas das ruínas da capela de S. Fagundo. Numa primeira visita ao local já tinha identificado e fotografado uma parte desta necrópole. Hoje referenciei o que me faltava. Parece que terão existido algumas antas, ou cistas, perto deste local. Porém, trabalhos agrícolas destruíram as estruturas, sendo praticamente impossível observar o que quer que seja. Tal como destruíram o que se supõe fosse um forno romano. Que pena...
 Curioso algeroz, junto a uma casa de arquitectura que indicia origem judaica.
 A capela de S. Fagundo.


As duas sepulturas que me faltava fotografar. A este propósito, deixo aqui uma pequena citação que poderá deixar pistas sobre a sua cronologia: “Tentando estabelecer uma cronologia e tipologia para estas sepulturas, os arqueólogos dizem que as primeiras são as de planta oval, rectangular ou trapezoidal, e pertencem aos séculos VI/VII. A partir do século VIII, ter-se-à iniciado um movimento no sentido da antropomorfização das sepulturas. Movimento que atingiria o seu período áureo nos séculos IX-XI. A partir daqui, continua VALERA (1990), cairiam em desuso, mas a sua utilização é atestada até aos séculos XII-XIV. António Cruz defende mesmo a sua utilização, no mínimo, até ao século XV. COIXÃO (1999), para as sepulturas da capela de São João, Prazo, propõe datas semelhantes: as sepulturas escavadas na rocha, séculos V/VII; sepulturas construídas com pedras alinhadas, séculos VII/VIII-IX. Para os sarcófagos graníticos antropomórficos, séculos XII/XIII.” - O CULTO DE MITRA E AS SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA, por António Maria Romeiro Carvalho, in AÇAFA on line, nº 2 (2009), pág. 14.

A famosa rocha com as "Pegadas dos Mouros". No "Portal do Arqueólogo" é dito que “A superfície gravada terá cerca de 3 metros de comprimento por dois de largura, e apresenta grande quantidade de covinhas e pegadas, para além de muitas concavidades naturais. A sua cronologia será quase seguramente medieval, devendo estar relacionada com o sítio de São Fagundo, em que se insere.”

 A visita terminou com uma ida a "Pena Campã". Segundo a tradição, estas cavidades interiores produziriam sons semelhantes ao de campainhas. Daí o nome. Hoje, como se pode observar pelos vestígios deixados no interior, este sítio, além de ser um local de atracção para os visitantes e para os locais, é igualmente frequentado por javardos de duas patas.
Ti Bárrios e Belarmino Pinto em frente a Pena Campã.
Vista lateral do monumento natural, que deixa percepcionar que se terá fraccionado algures no tempo. Segundo os meus guias, este sítio serviria para estiar as ovelhas.

Foi mais uma visita profícua, plena de interesse. Outros sítios ficaram ainda por ver. Fica para próxima oportunidade. Um abraço aos meus pacientes cicerones.