Como nunca tinha assistido a esta festividade na íntegra, aproveitei e fui mais cedo. O cortejo é animado por grupo de gaiteiros (neste caso foi comandado pelo experiente Francisco Diz, de Águas Vivas), que dá o tom ao conjunto composto pelo "Velho", pela "Galdrapa" e por dois dançarinos.
As vacas não estavam previstas no programa, mas conferiram animado colorido à aldeia (e assustaram algumas das visitantes mais temerosas).
Enquanto pedem esmola à volta do povo, vão interagindo com os populares que os seguem. O ritual terminou por volta do meio-dia. Refira-se que esta festa esteve alguns anos suspensa, tendo-se retomado recentemente. Em boa hora isso sucedeu.
Foi tempo de dar um pulo à capela de Santa Ana, na vizinha aldeia de Granja, para ver in loco esta curiosa figura pétrea, a que chamam "Cruz Lastra", e que, na opinião de alguns investigadores se trata de uma estátua-menir (figura feminina, que, supostamente, teria um parceiro masculino, entretanto destruído), do período cronológico conhecido como "Bronze final", com mais de três mil anos.
Depois de almoço e antes da apresentação, o presidente do município de Miranda, Dr. Artur Nunes, fez questão de nos proporcionar uma visita guiada ao complexo das minas de Santo Adrião. Local de beleza rara, de onde se extraiu muito mármore que serviu para lápides funerárias romanas e para ornamentação de muitos edifícios das redondezas.
A visita terminou no belíssimo santuário da Senhora do Rosário, de onde se alcança bela vista sobre a paisagem natural envolvente. Não pudemos deixar de reparar na curiosa iconografia respeitante a S. Marcos, representado com cornos na cabeça. Parece que, segundo reza a lenda popular, os homens casados naquele ano, beijavam os cornos ao Santo para que as mulheres lhe fossem fiéis. Os mesmos pagavam uma rodada de cerveja ou vinho a todos os presentes.
A jornada finalizou com a apresentação da obra já referida, a que se seguiu proveitosa tertúlia com diversos convidados presentes e a degustação das chouriças recolhidas pela "Galdrapa".
Termino com um agradecimento ao Alfredo Cameirão e à população de S. Pedro da Silva, em geral, pelo convite e pela hospitalidade, bem como ao Dr. Artur Nunes, ao Hélder Ferreira, Mário Correia, Elisa Alves, Fernanda Chumbo, Luís Falcon Martin e Pablo (El Sidru), pela simpatia, disponibilidade e companheirismo.