Decorreu no
pretérito dia 26 de Julho, na aldeia de Bruçó, concelho de Mogadouro, a segunda
edição da Segada tradicional. Tal como a primeira, a organização conjunta desta
iniciativa esteve a cargo da Junta de Freguesia e do Centro Cultural e
Recreativo de Bruçó.
O evento
constituiu um autêntico passeio pela História, com a cuidadosa e criteriosa
recriação dos usos e costumes da época. Desde as vestimentas dos participantes
até aos rituais e ferramentas utilizadas, tudo decorreu como se nos
encontrássemos em plena década de cinquenta do século passado.
A concentração
teve início no Largo da Calçada, no centro da aldeia, onde foi posta uma mesa
com o “mata bicho”, ou “desinjum”, composto por pão, queijo, presunto e
salpicão, regados com água ou vinho, servidos nas tradicionais cabaças.
Depois de
devidamente afiadas as “seitouras” ou “foices” e verificadas as dedaleiras, a
comitiva arrancou em direcção ao campo, onde uma farta seara de centeio os
aguardava. Ali chegados, postou-se o “menageiro”, que é quem conduz e impõe o
ritmo, e os restantes segadores, que ao som de alguns cânticos da componente
feminina foram ceifando, respeitando sempre os procedimentos de antanho.
Após a ceifa concluída, cerca das 09.30 h, as mulheres serviram o almoço, que foi degustado em cima de toalhas estendidas em pleno restolho. Nesta refeição foram servidas as tradicionais “sopas da segada”, rijadas em azeite, como mandam os preceitos, e ainda batatas guisadas com bacalhau. Com vinho e água sempre a acompanhar. Enquanto decorria a pausa para o almoço, as mulheres continuaram a animar a jornada com cantares tradicionais e danças ao desafio.
Terminado o
repasto, foi tempo de carregar os "molhos", feitos com as “gabelas” do cereal para o típico
carro-de-bois, dando início à “carreja”. O carro de madeira, puxado por duas possantes
vacas, transportou a carga para as Eiras do Castanho, onde foram feitas medas
(ou “murnais”), que haveriam de ser malhadas e trilhadas. Após estas operações,
o grão foi limpo e ensacado, ficando pronto a seguir para as “tulhas”.
No final, por
volta das 13.30 h, foi servido o jantar, à sombra de um pequeno bosque de
carvalhos, onde esteve cerca de meia centena de pessoas. A rematar houve
cantoria ao desafio, acompanhada por música de cavaquinho e ainda o inevitável
bailarico.
A iniciativa
teve inteiro sucesso e grande adesão por parte dos mais novos, para quem tudo
aquilo foi novidade. A organização promete repetir o evento no futuro e
torná-lo um hábito na freguesia.
Antero Neto (texto publicado no jornal "Voz do Nordeste").