Com tempo seco, o acesso é bom (a partir de Mogadouro). Actualmente, e devido à chuva que caiu recentemente, aconselha-se o uso de veículo TT. O visitante motorizado terá que deixar a viatura a cerca de 100 metros do local, porque foi colocado um portão à entrada do carreiro que lá conduz.
O sítio é extremamente aprazível. Logo por baixo, passa um ribeiro, que ladeia um pequeno promontório rochoso. O cenário é idílico e compreende-se perfeitamente a opção dos autores do projecto. À implantação não será alheio o uso ancestral da zona como local de culto pré-cristão.
Fotos: Antero Neto.
Muito se especula sobre a natureza e função desta histórica edificação. Para tentar lançar alguma luz sobre o assunto, permito-me aqui recorrer ao precioso estudo de Luís Alexandre Rodrigues (Doutor em História de Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto), que, na minha opinião, podia ser editado pelo município mogadourense. Assim, segundo o mencionado autor, e devidamente alicerçado em documentação, em Junho de 1571, o ermitão da igreja e ermida de Santiago, Fernão de Álvares, obtinha de Luís Álvares de Távora licença e autorização para construir naquele local uma capela dedicada a S. Gonçalo, de que o religioso era devoto. Assim se fez. Em 1720, o padre do Azinhoso, Agostinho Dias da Silva, dava conta da sua ruína e do facto de nela se albergar gado ovino.
Como memória da existência do lugar sagrado, porfiou-se então, com a ajuda dos "vezinhos" no sentido de erguer "hum chepitel sobre colunas à salomonica em que esta a imagem de S. Gonçalo obrada de alabastro labastro mas com impossibilidade de celebrar nella o santo sacrificio da missa".
Luís Rodrigues tenta estabelecer uma cronologia, apontando que o estilo manifesto no monumento só foi introduzido em Portugal no ano de 1671. Mais refere que o templo pretende ser uma representação imagética do Santo Sepulcro".
O estudo é interessante e, não obstante a falta de certezas, é um contributo fundamental e credível para a abordagem à interpretação do Monóptero. Quanto à sua alegada ligação a rituais cinegéticos, parece-me completamente descabida de fundamentação. Não existe qualquer elemento que aponte nessa direcção.