Quanto ao método de fabrico da telha nestes fornos ancestrais, vou socorrer-me da descrição feita por Joaquim Bártolo (que pode ser consultada na íntegra aqui):
"O fabrico da telha era efectuado no Verão. O barro para o efeito era colhido nuns barreiros existentes junto ao cruzamento de Tó e em outros locais. Era levado para a Laganhosa, onde, em terreno público havia uns barreiros, uma espécie de piscinas, cavados na terra. O barro era ali depositado e depois de amolecido durante alguns dias era pisado com juntas de vacas, até ficar uma pasta consistente e moldável.
Era então que entravam em acção os "artistas": num atelier improvisado (buraco no chão) havia uma prancha inclinada aí a 45º. Sobre ela era colocada uma forma em ferro com a parte exterior da grossura a que a telha havia de ficar; pulverizava-se essa prancha com cinza para o barro não agarrar; colocado ali o barro era estendido por toda a forma com uma espécie de rolo. De seguida, arrastava-se, sem levantar, para cima do "galapo" (artefacto de madeira com um cabo e arredondado na forma da telha) que era transportado normalmente por raparigas, para um espécie de eira, onde outro "artista" depositava a telha e retirava o galapo e onde a telha ficava a secar.
Chamava-se à tarefa das raparigas "andar ao galapo".
Depois de alguns dias a secar, a telha era levada para os fornos onde era depositada, ao alto e em camadas. Cheio o forno, era então ateado o fogo, queimando-se enormes quantidades de lenha, previamente transportada para o local.
Depois de cozida e arrefecida era desenfornada para se repetir a mesma tarefa.
Não havia tempo a perder, pois este trabalho só podia ser feito no Verão." - Joaquim Bártolo.
Imagens: fornos da telha de Bruçó (fotos: Antero Neto).
Estes fornos telheiros são muito antigos, remontando o seu surgimento muito provavelmente à época da ocupação romana. Na carta de foral dada a Lagoaça por D. Dinis surge uma menção aos fornos telheiros de Bruçó, como marca de referência para a delimitação entre os respectivos termos. Não eram estes que aqui mostro, pelo que depreendo que terão existido outros mais antigos, mas cujos vestígios apenas perduram na toponímia local.De referir que estive recentemente com um "galapo" na mão, em Bruçó, de que não registei imagens, mas que vou tentar fotografar em próxima ocasião.