domingo, 27 de dezembro de 2015

Constantim: visita ao Carocho e à Velha

No âmbito de mais uma apresentação do livro "Rituais com Máscara", dedicado ao concelho de Miranda do Douro (com textos, nesta parte, a cargo de Mário Correia), calhou-me hoje ir até à localidade de Constantim. Só lá tinha ido uma vez, a pretexto de levantar a gaita-de-foles da minha filha, obra do artesão Célio Pires (que hoje acompanhou todo o percurso, interpretando ricos e variados temas - alguns dos quais de sua autoria). O ritual é muito simples e com características idênticas à de outros, de ambos os lados da fronteira (como é natural). Tem alguns pormenores próprios, nomeadamente o acompanhamento  que os gaiteiros e pauliteiros fazem ao Carocho e à Velha durante a visita às casas. Nos lares onde faleceu alguém recentemente reza-se uma oração e não se dançam os paus.
Tive ainda oportunidade de conhecer pessoalmente a Dra. Paula Godinho, ilustre e reputada investigadora académica, com quem já tinha trocado correspondência. A jornada terminou com danças no adro da igreja (refira-se o pormenor de a Velha ter acesso ao interior do templo, que é coisa rara, pois, por norma, o espaço sacralizado cristão está interdito aos mascarados) e com a apresentação da obra em questão, que teve lugar na pequena, mas interessante sala museu dedicada à festividade. Esta espécie de Centro Interpretativo da Máscara configura um modelo que venho defendendo para as aldeias com rituais activos do concelho de Mogadouro. Não é muito dispendioso e proporciona aos visitantes informação detalhada. Pena que por aqui se vão fazendo ouvidos de mercador...