Tarde soalheira, a convidar a um saltinho a Valverde, para mais dois dedos de agradável conversa e meia-dúzia de instantâneos para o livro. Fui convidado a entrar numa adega, onde sorvi histórias castiças de uma biografia com recuos até há 60 anos atrás, quando a economia girava à volta dos lagares de azeite e a malta nova ia estudar para Bragança. Relatos pitorescos que aqui não se podem reproduzir, mas que me fizeram soltar bem dispostas gargalhadas. Tudo à volta de um lagar do vinho e de... uma pinga, pois claro!
Fonte da Fontose, depois de refeita.
Ponte do séc. XVII, que permite a ligação à vizinha aldeia de Meirinhos.
Construções típicas em xisto.
Argola para prender os animais.
A boa e velha alquitarra de cobre, onde se fabrica a aguardente, ao pé dos potes do azeite.
Velhinho enxofrador.
figuras, património, lugares e histórias que fazem (e fizeram) o quotidiano mogadourense
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sábado, 25 de outubro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
Por terras de Valverde...
Tendo como objectivo a recolha de algumas imagens para ilustrar o meu próximo livro (que versará sobre Valverde e as suas tradições), andei a percorrer alguns locais que já conheço muito bem, mas que continuam a exercer magnético fascínio sobre a minha pessoa. Rumei até ao Souto, onde pude observar o remanso da paisagem cuja beleza esmagadora nos absorve de tal forma, que nos esquecemos do tempo.
Souto.
Dali, continuei pela velhinha e esburacada estrada de macadame até ao Santo André, onde observei com agrado o templo restaurado. Verifiquei igualmente que começam a restaurar algumas casas particulares. É bom sinal. O Santo André é um local mágico. Faz-nos querer recuar no tempo. Sentir a azáfama dos ranchos de apanhadores de azeitona que vinham de fora. Vivenciar as suas experiências; observar os convívios; escutar as historietas maravilhosas que certamente se contavam nos serões animados pelos mais conversadores...
Pormenores de Santo André.
Este ano é propício aos cogumelos. De todas as variedades, cores, tamanhos e feitios, são um verdadeiro pitéu para quem os aprecia. Há quem não lhes toque, e há quem se lambuze por eles. Pessoalmente, sou apreciador. Dos que conheço bem...
Clicar nas imagens para ampliar.
Entretanto, fez-se tempo de rumar a Valverde. Tempo de reencontro com amigos e de trocar dois agradáveis dedos de conversa, enquanto bebíamos uma cervejita à porta do café. Falámos um pouco de tudo, e como era dia de Taça, lá resvalou a laracha para a bola. Os meus amigos Armando e Manuel ainda são do tempo dos privilegiados que viram jogar o imortal Eusébio. Benfiquistas ferrenhos, ignorámos ostensivamente a tareia que, lá dentro, na televisão do bar, o leãozinho dava ao "super-mega-hiper-novo-rico-dragom-espanhol" de mister "Flopetegui".
terça-feira, 11 de março de 2014
Costumes sociais em Valverde - 1824
"José Inácio, casado, lavrador, de idade de vinte e oito anos, natural desta freguesia de S. Sebastião de Valverde, testemunha juramentada aos Santos Evangelhos, aos costumes disse nada.
E perguntado ele testemunha devassamente pelos artigos da visita, disse que é público e notório que Ana, filha de João Monteiro, vive amancebada com José Esteves e que já tiveram um filho; disse mais ser também público nesta freguesia que Joaquina, natural da província do Minho, é mulher de porta aberta, tanto assim que há pouco tempo parira um filho; outro tanto afirmou ele testemunha de Josefa Marcelina, filha de Francisco Martins, desta mesma freguesia, que parira do criado João Cantigas, do lugar da quinta das Cobradas, e de como assim o disse assinou com ele rev. visitador. E eu o P. António Luís Mendes, secretário da devassa, que esta escrevi." (in "Visitações e Inquéritos...", de Franquelim Neiva Soares).
E perguntado ele testemunha devassamente pelos artigos da visita, disse que é público e notório que Ana, filha de João Monteiro, vive amancebada com José Esteves e que já tiveram um filho; disse mais ser também público nesta freguesia que Joaquina, natural da província do Minho, é mulher de porta aberta, tanto assim que há pouco tempo parira um filho; outro tanto afirmou ele testemunha de Josefa Marcelina, filha de Francisco Martins, desta mesma freguesia, que parira do criado João Cantigas, do lugar da quinta das Cobradas, e de como assim o disse assinou com ele rev. visitador. E eu o P. António Luís Mendes, secretário da devassa, que esta escrevi." (in "Visitações e Inquéritos...", de Franquelim Neiva Soares).
Foto: Antero Neto.
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sábado, 15 de junho de 2013
Malhadeira
Fotos: Antero Neto.
Por mero acaso, ditado por deslocação de serviço ao campo (em mais um mergulho profundo na idiossincrasia rural, em que, felizmente, o tipo que empunhava a machada era o mais calmo do grupo), descobri estas preciosidades ao abandono (aldeia de Valverde).
Neste conjunto de fotos, pertença de Joaquim Bártolo, tiradas nas eiras de Tó, pode observar-se a malhadeira em acção. As fotos terão cerca de 40 a 50 anos e representam uma fase de transição entre o trabalho puramente manual e animal e o recurso aos meios mecanizados que haveriam de marcar o panorama rústico até ao início da década de 80, do século passado, altura que ficou marcada pelo aparecimento massivo das ceifeiras-debulhadoras, que haveriam de modificar a paisagem cerealífera do Nordeste, até à quase extinção desta actividade, motivada pelas políticas ruinosas dos sucessivos governos portugueses, que muito se têm empenhado na aniquilação da vida económica transmontana...
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Valverde: o caminho da moura encantada
Vista do castro de Valverde (foto: Antero Neto).
Acabadinho de me chegar às mãos, folheei avidamente "A Mitologia dos Mouros", de Alexandre Parafita. Chegado ao capítulo de Mogadouro, surgiu-me esta lenda do caminho da moura encantada:
"Há também ali perto os Barrocais, onde fica a "Fraga dos Mouros". Esta fraga está coberta de musgo, mas pode ver-se nela um carreirão a todo o comprimento onde o musgo não nasce. O povo diz que é o caminho por onde passava uma moura encantada".
O que me intriga nesta lenda é a largura do "caminho". Será um sulco estreito? E, se é, poderá ser mais uma manifestação de culto serpentiforme?
sábado, 20 de outubro de 2012
Por Valverde...
Fotos: Antero Neto.
Tarde de sábado, passada em Valverde, a apreciar alguns pormenores. É raro ver tantas fontes de mergulho na mesma aldeia. Valverde tem três (só fotografei duas). Só é pena que apreciem tanto o cimento por estas paragens...Também não resisti às belíssimas oliveiras no recreio da velha escola primária.
domingo, 30 de setembro de 2012
Castro de Valverde
Depois do incêndio que assolou a região, foi tempo de concluir a visita ao castro de Valverde. Combinei com o Pimenta de Castro e metemo-nos a caminho (literalmente a corta-mato). O percurso foi breve e a expectativa era de alguma monta, depois de termos conversado com o Hélio, que nos revelou que achou por ali fragmentos cerâmicos, parte de uma mó manual e a figura que já se retratou em postagem anterior. Contudo, a par da paisagem desoladora que fomos vislumbrando, os restos mortais do povoado fortificado também representaram uma completa desilusão. Tirando um ou outro pormenor revelador da ocupação humana, o local encontra-se completamente adulterado pela acção dos agricultores que arrasaram completamente as estruturas que outrora ali pontificaram (com excepção de pequenos sectores da muralha exterior). Não fossem os diversos testemunhos colhidos, a toponímia e o apontamento constante do sítio do IGESPAR, e ninguém diria que ali houve o que quer que fosse, para além do que se lá encontra...
Vista do "Cabeço do Castelo".
Fragmento cerâmico encontrado à superfície.
Secção de muralha.
Fantasmas na bruma...
O único vestígio de estrutura edificada existente no interior do perímetro da povoação castreja.
Belo e imponente, escapou incólume às garras do incendiário criminoso.
Vista do "Cabeço do Castelo".
Fragmento cerâmico encontrado à superfície.
Secção de muralha.
Fantasmas na bruma...
O único vestígio de estrutura edificada existente no interior do perímetro da povoação castreja.
Belo e imponente, escapou incólume às garras do incendiário criminoso.
Fotos: Antero Neto.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Achado arqueológico no "Cabeço do Castelo" (Valverde)
Graças ao Facebook, tive acesso a um achado arqueológico, proveniente do castro de Valverde ("Cabeço do Castelo"). A peça foi descoberta há cerca de vinte anos atrás e encontra-se actualmente na posse do Sr. António José Salgado Rodrigues que, muito gentilmente, me permitiu fotografá-la. Agradeço qualquer ajuda de especialistas, no sentido de identificar e caracterizar a peça (podem fazê-lo para o seguinte endereço: oretna.oten@gmail.com).
Vista do verso.
Fotos: Antero Neto.
A escala está em centímetros e o material é leve, provavelmente algum tipo de argila.
sábado, 15 de setembro de 2012
Inferno em Valverde
Combinei com o Carlos Garnacho uma expedição ao "Cabeço do Castelo" (castro), em Valverde. Contudo, mal avistei a nuvem espessa de fumo que ofuscava o horizonte, temi o pior. Um telefonema confirmou. Andava tudo a arder naquela área. Mesmo assim, fomos até bem próximo do local.
"Cabeço do Castelo".
Dantesco. Medonho. Assustador!
Estar ali, a escassas centenas de metros da frente do incêndio e ver avançar aqueles homens em direcção ao epicentro, arrepiou-me. É preciso tê-los no sítio...
"Cabeço do Castelo".
Dantesco. Medonho. Assustador!
Estar ali, a escassas centenas de metros da frente do incêndio e ver avançar aqueles homens em direcção ao epicentro, arrepiou-me. É preciso tê-los no sítio...
Fotos: Antero Neto.
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