A propósito de património colectivo

Estela funerária encontrada em Sanhoane (Sala Museu de Arqueologia de Mogadouro)

Depois de colocar o post anterior recebi algumas reacções que impõem esta reflexão. Como me parece óbvio, o património, seja ele arqueológico, ou de outra índole, nomeadamente imaterial, é de todos. E quando digo de todos, quero significar mesmo de todos, sem barreiras geográficas a atrapalhar. Esta questão é antiga. Reportando-me a um exemplo sobejamente conhecido, lembro o caso de Napoleão Bonaparte, que pilhou todos os lugares por onde "viajou". Pergunto eu: terá legitimidade a França para reter aquele património? Parece-me claramente que não. São opiniões...
A nível regional, tivemos o exemplo do Abade de Baçal. Trago agora a terreiro o seu relacionamento com o Padre António Maria Mourinho. Num livro recente (2005), que se pode encontrar em Miranda do Douro, é dissecada a relação epistolar entre ambos (1941-1947). E nessa troca de correspondência, surge um pormenor interessante: de um lado, o Abade a pedir a Mourinho que lhe enviasse umas estelas que tinham sido referenciadas em terras de Miranda. Do outro, o Padre a fazer-se despercebido e a não lhas enviar. Após 3 ou 4 cartas a solicitar os bons ofícios do sacerdote para a remessa das pedras, escreve Mourinho em anotação à missiva do Abade: "As lápides não lhe esquecem".
Pormenor curioso e delicioso que revela o ânimo de Mourinho (1917-1996) em preservar na terra, aquilo que é da terra. Se as querem ver, que as venham cá visitar! Eu sou por António Maria Mourinho. A Mogadouro, o que é de Mogadouro!

A casa das colunas

Foto: Antero Neto.

Situado no Largo Conde Ferreira, com as costas para a Rua João de Freitas, este Solar constitui uma das principais atracções patrimoniais da zona histórica de Mogadouro. Segundo um breve, mas elucidativo estudo, publicado na Agenda Cultural de Mogadouro (Jan. /Fev. 2009), da autoria do Arquitecto José Carlos Beça, este magnífico exemplar arquitectónico já passou pelas mãos dos Távoras, tendo aí residido Frei António Luís de Távora, frade da Graça, e mais tarde Bispo do Porto. Mais refere que a referida Casa das Ferreiras, como hoje é conhecida, já possuiu brasão numa das esquinas, com as armas dos Sousas de Arronches (que entretanto se perdeu). Antes de estar na posse dos actuais proprietários, a casa foi ainda propriedade do Dr. António Maria De Morais Machado. Actualmente correm rumores de que estará à venda, mas por números incomportáveis para o comum dos mortais.

Obras no castelo de Penas Roias

Fotos: Antero Neto.

Conforme prometido, lá fui ver o resultado das obras. Assim, à primeira vista, apenas se nota alguma limpeza e consolidação num ou noutro pormenor.

Como se pode observar na foto do meio, creio que devem ter instalado alguma estrutura no interior da torre, que não é muito visível cá de baixo.

Também instalaram uma placa com informação relativa ao castelo (embora, em minha opinião, contenha uma imprecisão, uma vez que refere que em meados do séc. XVI ainda funcionava como praça militar. E, se bem me lembro, Duarte D'Armas desenhou a fortaleza no início desse século, e já mostrava ruína no pano da muralha exterior. O que me parece pouco compatível com o estatuto de fortaleza activa. E também é sabido que cedo os Templários demandaram terras mais ricas a sul, deixando de cuidar do castelo.)

A Adega do Ti João

Fotos: Antero Neto.

Tem sido, desde o início, a sede oficiosa da Confraria. Lugar aprazível, convida a entrar e a disfrutar com a imensa panóplia de objectos castiços que alberga. Poderia ser uma espécie de museu. Há por ali peças raras e garrafas únicas, que certamente fazem inveja a muitos colecionadores. Mas, mais importante do que o rico espólio que alberga, é o ambiente que acolhe em longas noites de convívio. E nisso, o Ti João Barbosa, é um verdadeiro mestre do bem receber. Quem por ali passa jamais esquecerá o convívio e a boa disposição do anfitrião e demais convivas.

Riqueza natural em Bruçó

Fotos: Antero Neto.

No "termo" de Bruçó está a ser explorado um verdadeiro tesouro. Tesouro esse que sempre esteve à vista de todos, mas que teve que ser alguém de fora a vir "descobrir". Esta imensa pedreira abastece as grandes urbes do norte da Europa, que aqui buscam a matéria prima para as suas bonitas calçadas.

Na foto pode ver-se a bonita lagoa artificial que resultou de um dos buracos feitos para extrair o granito. Mais adiante existem outros ainda mais impressionantes.

Às vezes o "petróleo" está mesmo à nossa porta. É preciso é explorá-lo...

Frescos rústicos

Parece um instrumento perigoso, mas é só uma "espadela" do linho. Quando era miúdo ainda fiz alguns "filmes" de espadachins com os meus irmãos, graças a estes instrumentos.

Fotos: Antero Neto.

LUAR vigia faxos

Foto: Antero Neto.

Desde que me lembro, que esta inscrição se encontra no muro do Tribunal. Estive alguns anos sem saber o seu significado, mas sempre me fascinou (talvez pela fonética, sei lá...). Mas agora, que o contexto já se esfumou nos meandros da História, acho que já era tempo de alguém a apagar. Afinal, nem é especialmente estética...

Estação d'Urrós

A contra-luz.

A actual população e clientela: arbustos e silvas.

Chaminé idêntica a outras. Muito bonita.

Base em perpianho, bastante invulgar.

Caminhos de Ferro do Estado

Fotos: Antero Neto.

Também conhecida por "Las Vegas", a estação de Urrós tem o mesmo desgraçado destino das congéneres. Aqui acaba o concelho de Mogadouro e começa a "terra de ninguém" (Sendim). Ficam a faltar as fotos da estação de Vilar do Rei, para completar o concelho.

Apító Comboio

Fotos: Antero Neto.

Mais uma vítima da criminosa negligência dos responsáveis da CP (ou REFER, ou o raio que os parta...)...

Revolução Industrial

Foto: Antero Neto.

Restos de um antigo complexo industrial em Variz-Gare. Esta pequena povoação possui um conjunto de edificações que lhe conferem um ar estranho no meio da paisagem rural. Por exemplo, esta chaminé industrial chama facilmente a atenção pela sua envergadura, e por ser um corpo estranho no meio em que se insere. De uma beleza muito sui generis...

Aeródromo Municipal de Mogadouro

Foto: Pedro Ferreira (http://www.pelicano.com.pt/zp_mogadouro.html)

Obra emblemática do concelho de Mogadouro. Foi sujeita a muitas críticas. Contudo, quando me falam nela, lembro-me sempre do Marquês de Pombal, e das críticas de que foi alvo por rasgar avenidas tão largas na baixa lisboeta...
Situa-se a:
Loc. N 41º 23,61' -- W 006º 41,02', Alt -- 2339'
A sua utilização preferencial tem sido o voo à vela. Fica contígua à povoação de Azinhoso e já é um dos principais pontos de referência de Mogadouro.

Peças soltas

Janela na Rua de Sta. Marinha

Nicho de S. Francisco, no convento com o mesmo nome.

Pormenor de caleira na Rua de Sta. Marinha.

Fotos: Antero Neto.