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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Forno da telha em Soutelo

Em recente deslocação a Soutelo, por motivos profissionais, fui alertado pelos meus clientes para a existência de um forno da telha. Encontra-se em estado de conservação que permite facilmente a sua recuperação.
Penso que seria interessante começar a inventariar este tipo de construções, recuperá-las e fazer um roteiro turístico temático...


Fotos: Antero Neto (clicar nas imagens para ampliar)
Glossário:
Grade - rectângulo de ferro, mais estreito numa das extremidades, onde se deitava o barro.
- Galapo - molde feito de choupo ou castanho, em forma de telha, e provido de um pequeno cabo, onde se coloca o barro que sai da forma.
- Raseiro - pau redondo, com cerca de 0,30 m de comprimento e 0,05 m de diâmetro, para alisar a telha sobre a grade.
- Masseiro - recipiente feito de madeira ou cavado num cepo. Contém água para o talhador molhar as mãos.
- Talheiro - tábua larga ou mesa. Assentava nele a grade, e servia para suporte do barro enquadrado na grade.
- Espadagão - pau comprido, de secção triangular, com que se açoitava o barro para o amaciar, depois de pisado pelos animais.
- Rodo - espécie de engaço para puxar as brasas.
- Ranhadouro - vareiro de carvalho ou freixo, com cerca de 5 metros, para levantar a lenha.
- Latão - badil (o mesmo que pá de ferro) grande, feito de folha de ferro, para deitar as brasas sobre o forno

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Astérix, Soutelo e Tó

Vem este post a propósito de uma conversa, ocasionada por mais um adiamento de audiência de julgamento. Fui até Torre de Moncorvo, em deslocação profissional. Adiada a sessão, decidi demorar-me por lá algum tempo, em convívio com amigos locais. Já ali dei aulas, na Escola Secundária Dr. Ramiro Salgado (por duas vezes), e nutro natural simpatia pela terra.
Breve visita ao Museu do Ferro e foi tempo de colocar a conversa em dia com o Nelson Campos (Rebanda). Verdadeiro "Mestre", a fazer-me lembrar o saudoso Prof. Orlando de Carvalho, o Nelson é um poço de conhecimento que facilmente cativa o ouvinte.

A propósito de uma citação que Paulo Alexandre Loução fez de um seu artigo escrito na revista "Forum Terras de Mogadouro" (n.º 2, Dez. 2001), a conversa acabou por centrar-se no famoso "Bi Tó Rô" - festa de Soutelo.
E o que é que a castiça BD belga e a aldeia de Tó têm que ver com a questão? Já lá vamos...
O assunto é complexo e comprido. O artigo em causa explana de forma clara a teoria que o Nelson tem sobre a origem da festa e da respectiva denominação. Sintetizando, de forma simplista (e quase grosseira), terá existido em tempos, no vale de Aritia (Valaritia/Valariça/Vilariça?), perto de Nemi, em Roma, um templo dedicado a Diana (deusa da caça e dos bosques), situado no meio de um bosque que possuía uma árvore (carvalho) em que crescia o ramo dourado, que era o visco. O visco e o carvalho eram  sagrados para os celtas. O visco só podia ser colhido por um sacerdote, munido de uma pequena foice em ouro (os leitores do Astérix já identificaram algo?).

Essa árvore era guardada por um "mordomo" que, durante um ano a protegia dos intrusos. Esse mordomo só podia ser deposto em luta mortal por outro pretendente. Esse pretendente era vitoriado: "vitória ao mordomo" (citando o Nelson no artigo em causa: "se o V corresponde ao B na dicção popular, o último "ó" ou "ô" corresponde ao pronome demonstrativo "o" (que no português-padrão actual seria precedido da preposição "a" - "ao"). O acentuar das sílabas tónicas, deixando cair a átona, produziu, por apócope, a palavra "Bitórô" ou "Bitóró" [...]").
A Sécia a segurar o ramo, com o Moço em posição de defesa (aldeia de Tó) - foto: Antero Neto.

Conhecida a teoria do nome da festa de Soutelo, resta acrescentar que o ritual de solstício da aldeia de Tó encaixa que nem uma luva nesta descrição, pois estão lá a figura do Mordomo e o Ramo que é defendido das investidas do Carêto, pelo Moço (sendo que, no ano seguinte os papéis serão renovados, havendo sempre a mudança do Mordomo, tal como na mitologia romana e celta!). Interessante...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Soutelo

Fotos: Antero Neto.

Soutelo (diminutivo de "souto", derivado do latim "saltu") será, concerteza, um dos topónimos mais vulgares de Portugal. Neste caso, fica a uma escassa dezena de quilómetros de Mogadouro.
É uma aldeia que denota sinais de nela ter vivido gente abastada. Abundam ali as casas com aspecto senhorial.
Simultaneamente, é uma aldeia muito abandonada. A sua artéria principal é um somatório de pequenas ruínas. Talvez por isso, ainda conserva um aspecto tradicional e rústico, que não sofreu grandes alterações urbanísticas, cativando o visitante em busca da autenticidade arquitectónica transmontana.
É ainda a terra onde se publicou a revista "Bi-Tó-Rô" (nome da principal festa da freguesia), no tempo em que a associação cultural local respirava pujança e vitalidade.