Mostrar mensagens com a etiqueta bemposta. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta bemposta. Mostrar todas as mensagens

sábado, 16 de setembro de 2017

Tempo de vindima: os vinhos de Bemposta no séc. XIX

Foto: Antero Neto.

Segundo reza um relatório datado de 1866, "a estatistica, que se póde dizer de origem quasi official, e que adiante apresentâmos, dá 292 pipas como sendo a producção media das vinhas da Bemposta. Pessoas da localidade e conhecedoras d'este ramo agricola asseveram que a producção media se deve elevar a 1:000 pipas. Observando nós que o espaço occupado pelas vinhas nos parece muito restricto para tão grande producção, suppomos que esta não será superior a 500 pipas. É verdade que o vinho da Bemposta se distilla em grande quantidade nos apparelhos estabelecidos em Thó, Brunhosinho e Prado Gatão, para ser exportado pela Foz do Sabor para consumo do paiz vinhateiro do Douro, e também é verdade que este vinho alimenta em grande parte o consumo dos concelhos de Mogadouro e Miranda, mas sempre em concorrencia com o vinho hespanhol, do qual se faz por aquella parte da raia, segundo é voz constante, consideravel contrabando."
(...) "O frete de uma pipa de vinho ou aguardente da Bemposta, até á Foz do Sabor, na distancia de pouco mais de 38 kilometros, é de 8$000 a 10$000 réis;"

Foto: Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro.

Este magnífico relatório integra um documento vastíssimo que visou estabelecer um diagnóstico da produção vinícola do país e apontar soluções para melhorar o panorama. O autor caustica fortemente os métodos de produção e aponta os principais defeitos dos vinhos de Bemposta: "As vindimas começam ali no ultimo dia de setembro. O processo de fabricação do vinho é bárbaro e rudimentar. (...) Apesar d'este vicioso processo de vinificação os vinhos da bemposta, á similhança dos da provincia de Zamora, nos primeiros mezes, desde novembro a março, são excellentes como vinhos ordinarios de mesa. (...) No seu estado normal têem geralmente 13 por cento de alcool absoluto, porem passada a primavera começam a degenerar, turvam, perdem a força e o bom gosto, e fazem-se acidos ou podres."

Só uma pequena nota: 38 kms entre Bemposta e a foz do Sabor? O homem tinha os instrumentos de medição claramente avariados...

domingo, 8 de novembro de 2015

Calçada e ponte entre Bemposta e Lamoso

Entre as aldeias de Bemposta e de Lamoso (que pertencem à mesma freguesia) existe uma ponte que permite a travessia sobre a ribeira que atravessa os respectivos termos. No traçado do caminho que se segue, existe um troço de calçada presumivelmente medieval, que ainda se encontra em razoável estado de conservação. Sobre a época da construção da ponte não há grandes certezas. Pela tipologia arquitectónica aproximada à da ponte que liga Mogadouro a Zava, pode-se especular que serão contemporâneas, ou seja, pertencerá ao séc. XVII, ou por aí perto. Tem um só arco de volta perfeita e possui guardas em granito. Encontra-se muito bem preservada. Dista cerca de dois quilómetros da povoação. O acesso pode ser feito a pé ou por viatura todo-o-terreno. O local envolvente é aprazível e recomenda-se para um bom e leve passeio em família.
No caminho para este sítio encontrei dois cruzeiros: um em granito, ligeiramente trabalhado e um em madeira, que é típico de Bemposta. Estes cruzeiros invocam protecção para os viajantes e embora a sua aparente raiz seja cristã, na verdade filiam-se em costumes pagãos. São sucedâneos dos romanos "Lares Viales" e "Lares Compitales", que visavam a protecção dos viajantes, dos casais e das localidades próximas.





quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Atletismo em Bemposta - 1981

Eis mais um exemplo da vitalidade e dinâmica associativa do concelho de Mogadouro no início dos anos oitenta do século passado. Desta feita, trata-se de um encontro de atletismo que decorreu em Dezembro de 1981, na localidade de Bemposta. Muito participado, por sinal.
Clicar na imagem para ampliar.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Fontes de mergulho em Bemposta, Sanhoane e Figueirinha

Como ando a escrever um artigo sobre as fontes de mergulho no concelho de Mogadouro para a revista "CEPIHS" (CENTRO DE ESTUDOS E PROMOÇÃO DA INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO), aproveitei para percorrer alguns sítios na demanda de imagens que ilustrem o texto em causa. Comecei por Bemposta, onde revisitei as três fontes de chafurdo locais e captei imagens das mesmas (já aqui divulgadas noutras ocasiões). De seguida, fui até Sanhoane, onde esperava encontrar uma fonte mencionada pelo pároco da terra nas Memórias Paroquiais de 1758. Graças à ajuda da minha amiga Dulce Mourão, consegui encontrar duas. Uma estava tão suja, que nem sequer a fotografei. A outra já foi alvo de intervenção recente, pelo que pouco valor tem para o estudo em questão. Ainda graças às preciosas informações da Dulce, pude ir conhecer as fontes da Figueirinha, cuja existência desconhecia, dando assim o tempo por bem empregue. Realço, uma vez mais, a beleza destes pequenos monumentos que são credores, nalguns casos, de maior atenção por parte das autarquias locais (não me refiro apenas a estes, pois algumas até estão muito bem cuidadas).
Bemposta (1).
Bemposta (1) - alçado lateral.
Bemposta (2).
Bemposta (3).
Sanhoane.
Figueirinha (1).
Figueirinha (2).


Post Scriptum: não tem nada a ver com o assunto, mas constato por aí uma grande euforia nas redes sociais com a ZASNET e a Biosfera, etc. e tal. Apetece-me dizer: esperai-lhe pela apanha! Lembram-se da euforia em torno do PNDI? A festa foi bonita. O pior foi quando começaram a aparecer as facturas das coimas e das licenças para pagar. Qualquer dia, somos proibidos de viver na nossa terra. Se fosse hoje, em vez de festa, mais valia termos atirado com os responsáveis ao Douro e mandar-lhe com umas "pedras bolideiras" para cima. E, à cautela, despejar uma traineira de piranhas no local...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Comemorações do foral de Bemposta

Clicar na imagem para ampliar.

O programa promete. Parabéns ao alcaide local, António Martins, por mais esta iniciativa cultural. Espero que tudo lhes corra a preceito. Infelizmente, não vou poder estar presente.

Nota: só um pequeno reparo: se ainda forem a tempo, corrijam a acentuação.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A muralha de Bemposta, segundo Fernando Monteiro

Eis aqui uma interessante reconstituição da linha da muralha dionisina de Bemposta, proposta pelo Eng.º Fernando Monteiro (ver artigo completo aqui). Dessa muralha ainda restam alguns sectores, conforme se pode ver aqui. Pena que não se tenham conservado os "cubelos", mas certamente que a pedra fez falta para erigir algumas casas...
Clicar na imagem para ampliar.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Guarda Fiscal: transferência de Bemposta para Mogadouro

Clicar na imagem para ampliar.

domingo, 20 de abril de 2014

Apresentação do livro "Contas que a minha mãe me contava...", de António Cangueiro

Foi com imenso prazer que me desloquei a Bemposta para mais uma jornada de Cultura local. E foi com prazer porque fui assistir à apresentação de um livro de autoria de uma pessoa que conheci há relativamente pouco tempo, mas que depressa aprendi a respeitar e admirar. Falo de António Cangueiro. Natural de Bemposta, fez a maior parte do seu percurso biográfico nos quadros da Marinha de Guerra Portuguesa. Em 2005 licenciou-se no ISCAL. É um conterrâneo nosso extremamente devotado à causa da Cultura transmontana. Recordo que foi o responsável pela tradução do meu conto "Pedro" para a língua mirandesa (pode ser lido nos "Homens de Granito"). Este livro, "Contas que a minha mãe me contava", é um interessante repositório da tradição oral local. Com ilustrações da responsabilidade de sua filha, a arquitecta Sara Cangueiro, a obra dá-nos a conhecer o universo imaginário do fantástico transmontano. Algumas histórias são conhecidas de todos, mas o autor reveste-as com roupagens peculiares, fazendo-nos recuar ao maravilhoso tempo em que não havia telenovelas para alienar as massas. Parabéns a António Cangueiro, a sua mãe Maria Joaquina Garcia e a Mário Correia pela deliciosa apresentação que nos proporcionou. Parabéns igualmente à Junta de Freguesia local, na pessoa de António Martins, que mais uma vez demonstrou o seu apreço pela Cultura, e ao município local, representado pela senhora vereadora da Cultura, Virgínia Vieira.
 O autor (foto: Antero Neto)
 Eu e o autor (foto: Pimenta de Castro).
A mesa (foto: Antero Neto).

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Bemposta, há um bom par de anos

Clicar na imagem para ampliar.

Magnífica fotografia da aldeia de Bemposta, colocada pelo Dr. Manuel Bento Fernandes na página das "Tertúlias do Nordeste Transmontano", no Facebook.

domingo, 14 de abril de 2013

Andando por Bemposta

A prossecução da saga da inventariação de marcas arquitectónicas do judaísmo em terras mogadourenses conduziu-me hoje até Bemposta, terra que foi sede de concelho e teve comuna judaica. Com a ajuda do António Martins e preciosas indicações do prof. José Maria Curralo, lá consegui levar a tarefa a bom porto. Como sempre, aproveitei para ir registando alguns postais ilustrados da bonita e histórica aldeia...



 Fotos: Antero Neto.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Aventura arqueológica - Parte III. Buraco do padre António

Mais uma pequena incursão em terrenos arqueológicos com a simpática equipa madrilena (quase me sinto habilitado a pedir a equivalência...). Desta feita, fomos até ao buraco do padre António, em território de Bemposta. E tal como o Damián suspeitava, trata-se de mais uma galeria mineira explorada por romanos. As amostras seguem para análise laboratorial, de que darei aqui conta mal me cheguem os resultados. Outra surpresa para quem pensava tratar-se de um mero capricho da natureza...
Fica aqui o agradecimento ao alcaide António Martins e ao guia que pacientemente nos acompanhou. Um abraço a ambos.
Os arqueólogos ficaram impressionados com o buraco. 
 Um pedaço de quartzo com minério agarrado.
A recolher amostras de um veio inexplorado à superfície.
Fotos: Antero Neto.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Justiça do Julgado de Paz de Bemposta

Graças à generosa colaboração do Dr. Manuel Bento Fernandes, que, conforme já aqui referi, está a fazer um trabalho notável de recolha e transcrição de processos dos julgados de paz de Bemposta e de Tó, irei apresentar por aqui alguns processos (resumidos) que ocorriam nas nossas localidades, permitindo assim, de algum modo, caracterizar a sociedade da época.
Foto: Antero Neto. Pormenor da casa onde, segundo o Dr. Bento Fernandes, funcionou o julgado de paz de Bemposta.

"Em 18/10/1898 é feito o pedido de Sentença do processo ordinário apresentado por Celestina Raquel, viúva, jornaleira desta freguesia de Bemposta, contra Manuel Garcia Delgado, casado, proprietário, por: 1.º o réu lhe dever a quantia de 4.280 reis, sendo 3.280 reis proveniente do resto do centeio que o réu ficou a dever ao falecido marido e 1.000 reis que a autora emprestou ao réu com a condição lhe pagar em uvas e não o fez até hoje, apesar de lhe ter sido pedido. 2.º que a autora é pessoa de consideração e incapaz de pedir o que não lhe devam. Nestes termos, pede que a acção seja precedente e o réu condenado a pagar-lhe a quantia referida, além das custas e selos. 3.º Pede que seja citado o réu e marcada audiência de julgamento. Conferido pelo solicitador judicial de Bemposta, José Manuel da Silva. Despacho: cite-se. Está conforme, Alfredo José Salomé, escrivão."
 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Rixa e justiça no ano de 1500 em Vila de Ala


Vila de Ala. Foto: www.duartebelo.com
João Álvares, sapateiro, morador em Vila de Ala, termo de Mogadouro, "enviou dizer que, em um dia de Julho do ano passado de 1.500, estando ele no largo da vila de Ala, fazendo uma parede com um pedreiro, junto da igreja de S.ta Maria, ouvira um arruído e chamar por Aqui del-rei. E tomara uma lança e capa no braço e fora correndo saber que era e achara junto da igreja vir um Pero Sardinha, morador na aldeia de Tó, termo da Bemposta, que dizia trazer poder do juiz da vila para prender um Afonso Coiraça, para o que trazia certos homens consigo. E quando assim achara o Pedro Sardinha com os ditos homens andar revoltos, no [audro] da igreja, para prenderem o Afonso Coiraça, não sabendo o suplicante que ele trazia o dito carrego nem o conhecendo por juiz porque não era do termo da vila de Mogadouro, onde queria prender o Afonso Coiraça, em maneira que fugira e se fora, andando outros em companhia do suplicante que o ajudara. E o Pero Sardinha dissera que saíra ferido do arruído e que não sabia quem o ferira. E por elo o suplicante se amorara. E andando amorado, Pero Sardinha lhe perdoara por um público instrumento de perdão, feito e assinado por Martim Alvares, tabelião na vila da Bemposta, a 1 de Janeiro de 1.500. Pedindo o suplicante, el-rei vendo o que dizer enviou, se assim era e aí mais não havia, visto o perdão da parte e um parece com o seu passe, lhe perdoou, contanto pagasse 1.000 rs. para a Piedade. João Afonso a fez." (fonte: ANTT).

domingo, 23 de dezembro de 2012

O buraco do Padre António - Bemposta

Como o prometido é devido, aqui fica a reportagem sobre a visita ao chamado "Buraco do Padre António", no termo de Bemposta, junto ao rio Douro. O autarca local, António Martins, disponibilizou-se mais uma vez para nos acompanhar. E bem preciosa se revelou a sua ajuda, pois de outra forma seria impossível atinar com o sítio. A tarde esteve a preceito e a viagem foi muito agradável, na companhia do já referido António, da minha "equipa" familiar e dos amigos Isaías Cordeiro, da esposa, D. Fernanda e do Pimenta de Castro.
Sensivelmente a meio do caminho, fizemos uma breve paragem para observar a barragem.
Bem como a magnífica paisagem proporcionada pelos socalcos lavrados na arriba espanhola, que impressionam pela dimensão e configuração únicas!

Mas, voltando ao "buraco", vejamos o que dele dizem Manuel de Jesus Bento Fernandes e José Carlos Dias Pereira na sua magnífica obra monográfica "Bemposta, um tempo, um ser":
"Por altura da implantação da República, nem todos os cidadãos aderiram à nova política. Conta-se que, em Bemposta, o Padre António, irmão da avó da Sr.ª Ana Marta, se manteve como monárquico. Face à época revolucionária, não teve outra solução  que esconder-se, na perspectiva de surgir outra solução política. Em colaboração com a família foi passando o tempo escondido, ora deslocando-se para o buraco, que ficou conhecido pelo "buraco do P.e António", junto do rio Douro onde cabem muitas ovelhas, ora recorrendo à "Fraga dos Borrachos", onde existe uma cova de difícil acesso (...) A família (...) levava comida, para a sua sobrevivência".
Só duas pequenas observações:
- parece-me que os ilustres autores confundem o buraco do padre propriamente dito, com a gruta onde se abrigavam as ovelhas e que fica mais abaixo, junto ao leito do rio.
- Em Bruçó, na mesma época, houve uma história parecida, que minha mãe conta - a do "tiu Xastre", que um dia aqui relatarei.
Picão sobre o Douro, em cuja base se situa a gruta onde se abrigavam as ovelhas e que só é acessível por via fluvial.
A boca, ou entrada, do buraco do Padre António, a cerca de 2/3 metros de altura do solo.
 
Foto tirada do interior do buraco em direcção ao rio. Pormenor curioso tem a ver com o recorte na parede lateral, cuja configuração se assemelha ao mapa de Portugal (zona de Lisboa).
O interior do buraco terá cerca de 2 metros quadrados. O acesso não é fácil. Apenas eu e o António lá subimos (e eu só o fiz após insistência dele, porque não se me afigurava tarefa muito segura). O local é ideal para esconder algo ou alguém, que passaria perfeitamente despercebido na paisagem envolvente. Quando se sai do buraco e se sobem escassos metros, pode avistar-se, recortada no horizonte a "Fraga dos Borrachos", que seria o esconderijo alternativo do padre.
A "Fraga dos Borrachos" é a protuberância que se vê no topo da linha de horizonte da imagem (no centro), conforme se vislumbra das redondezas do buraco.
Fotos: Antero Neto

Panorâmica do acesso ao local onde se situa o buraco.
Eu, em pleno buraco.
Idem.
António Martins a descer do buraco.
As dificuldades e o risco são evidentes.
Fotos: Isaías Cordeiro.

E à partida de Bemposta para Mogadouro, o panorama era este...

Foto: Rita Lopes.




sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ainda o contrabando em Bemposta

Ainda a propósito e na sequência de postagens anteriores sobre o contrabando, surgiu-me esta pequena pérola, num interessantíssimo trabalho de Luís Miguel Duarte, sobre o contrabando medieval, e que diz respeito à alfândega de Bemposta:
Clicar na imagem para ampliar.
Claro que o escrivão acabou por ser afastado e no seu lugar foi provido Bernardo Afonso, escudeiro do rei (1476).

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Barragem de Bemposta - pormenores da construção original

Com a devida vénia ao autor da página de Bemposta no Facebook, aqui ficam algumas imagens da construção da barragem de Bemposta, em 1964.
Ponte de serviço, utilizada durante a construção da barragem.
O "bairro dos pobres".
Colocação de vigas pré-fabricadas na ponte de serviço.
Galeria de derivação.
Ensecadeira de montante e entrada da galeria de derivação.
Início da construção dos pilares de suporte da abóbada da barragem.
Muros de suporte em construção.
Muro da barragem visto de montante (tomada de água para turbinas à direita).
Aspecto da construção a montante.
Clicar nas imagens para aumentar.