sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Os velhos em Bruçó

Foto: Antero Neto. Bruçó/2005.
Velhos, chocalheiros e farandulos. Festas ancestrais que persistem teimosamente nas nossas terras despovoadas e isoladas. Rituais pagãos de passagem, próprios de épocas de solstício, que a Igreja Católica apadrinhou (só porque não as conseguiu extinguir...) e adaptou aos seus "santos". Hoje correm risco de desaparecimento, devido essencialmente à falta de juventude que as anime. Noutros tempos, ainda não muito longínquos, era ver as ruas de Bruçó atafulhadas de gente que seguia atentamente os protagonistas desta festa: os "velhos" (na foto está a velha) , a "sécia" e o "soldado". Os dois primeiros andam munidos de uma gajata gigante, com a ajuda da qual dão caça aos prevaricadores que os perseguem com bexigas de porco insufladas, atadas na ponta de varas compridas. Enquanto houver uma bexiga cheia, a festa não acaba. Simultaneamente vão dando a volta à aldeia e pedem esmola para o santíssimo em todas as portas. A esmola consiste normalmente em géneros alimentícios (chouriças, cebolas, etc.).
Por sua vez, o soldado e a sécia constituem um belo casalinho. O soldado transporta uma espingarda e um pesado cinturão. A sécia agarra-se aos circunstantes, enquanto o soldado lhes vergasta as costas com o cinto (e não é para fazer cócegas...). Também acompanham a volta pela aldeia.
De há cerca de 10 anos para cá, a festa tem vindo a decair. Mas enquanto houver gente, tem que se fazer. Como dizia o Miguel, nem que tenha que me vestir aos 90 anos...