terça-feira, 4 de março de 2008

Terra Minha

"Quero-te mais do que nunca,
Agora que me embalas
Docemente,
Nos braços da lembrança sempre
Moça,
Onde descansa a cruz dos meus
Anseios!
Como nunca soubera, sei agora
Compreender o íntimo segredo
Do passado,
E decifrar a voz
Do marulhar das águas da ribeira
E da sombra escura dos ulmeiros...
Como nunca, compreendo agora
(tão intensamente, Virgem-Mãe)
Quanto vale e como é sublime
O amor à terra
Gravado a letras de oiro no meu
peito!
Pela primeira vez
Leio nas formas toscas
Dos rochedos
O seus mistérios e os seus
Cuidados!
É que, ó minha Terra e minha Mãe
Como nunca,
Te desejei tanto, tanto...
Vejo-te toda, inteirinha,
Desde o Penedo às Eiras...
Mas, quando passo no Largo,
Paro,
Medito,
E sonho acordado...
É que ali era a minha casa,
O meu berço,
O meu lar!
Que ali moram os meus sonhos
De menino,
Os raios infantis da minha vida
e os encantos dum riso de criança..."

Poema inédito de Telmo da Fonseca (dado a conhecer pela mão do seu neto, Luís Miguel, no primeiro número da revista "Mogadouro Vivo"). Poderia igualmente chamar-se "Ode a Mogadouro". Nele fica bem vincado o amor e o sentimento de um homem que fez a sua vida por fora, mas que na penumbra da vida se recolheu aos penedos onde gozou a sua meninice.