terça-feira, 29 de julho de 2008

Reflexão

Para aqueles que passam a vida a citar terceiros, mascarando a sua própria arrogância, e que, pelos vistos, nunca leram Platão (ou então, limitaram-se a olhá-lo de soslaio), aqui fica um breve excerto do discurso proferido por Sócrates (o filósofo grego... nada de confusões...) perante os seus concidadãos que o condenaram à morte:
"Por fim, fui ter com os artesãos, pois que, se eu tinha consciência de não saber quase nada, estava certo de que iria encontrar entre eles pelo menos algumas pessoas que soubessem muitas coisas excelentes. E não fui desiludido. Eles conheciam efectivamente coisas que eu não conhecia e nisso eram mais sábios do que eu. Simplesmente, ó Atenienses, esses bons artesãos pareceram-me ter o mesmo defeito que os poetas. Por fazerem bem o seu ofício, todos eles se julgavam muito entendidos mesmo nas coisas mais importantes e essa ilusão obscurecia-lhes o saber profissional. Foi de tal modo que, para justificar o oráculo, me perguntei se não preferiria ser tal como sou, sem partilhar nem da sua ciência nem da sua ignorância, em vez de ter uma e outra como eles têm..." - Platão - Diálogos III, pág. 39 - Ed. Europa-América.

Vem isto a propósito de Trindade Coelho. O escritor mogadourense não reúne consenso. Para uns foi um mestre do conto rústico. Para outros foi um autor menor. Independentemente da respeitável opinião de cada um, neste ano celebra-se o centenário da morte de um grande Homem. Além do escritor, recorda-se a aura do cívico que perdura(rá) per omnia secula seculorum. Coisa que muitos dos seus talentosos detractores nunca almejarão...