Passar um dia na aldeia regenera o espírito. Ficar por ali. Simplesmente. Na praça, encostado a uma parede, a gozar o sol frio de Outono. Beber um Porto genuíno na Luzia. Ouvir as queixas da Ti Celeste contra os pescadores que lhe roubam a fruta. Ver passar o rebanho. Dar duas de letra com o comprador das castanhas que paga a pronto. Escutar os queixumes contra o novo sistema de pagamento da água. Sorver as palavras do Povo, como quem lhe sorve a Alma. Lentamente. Sem stress. Sem me preocupar com o jogo do Benfica ou com o julgamento do dia seguinte.
Ver o meu puto a ensaiar as primeiras corridas na calçada irregular de paralelos. Deleitar-me com o entusiasmo da garota por ir buscar as burras com a avó. Comer castanhas assadas na lareira. Deixar passar o tempo sem lhe pedir meças.
Enfim... um domingo perfeito...