Foto: Alberto Monteiro (http://galerias.escritacomluz.com/fotex/pazeitona/aaj).
Dia santo. Dia de trabalho. Trabalho duro, mas que me anima a alma. Dá-me na alma ir à azeitona. Sentir o frio cortante do ar da madrugada a atravessar-me a face. Comer a última maçã que ficou pendurada na velha macieira agre.
O pior vem depois. No fim de um dia inteiro a manejar a varejadora mecânica. As mãos que não se sentem. A anca dorida que parece fazer parte de um outro corpo. A dificuldade em levantar um simples copo de cerveja.
Mas, depois olho para as sacas cheias de fruta e sorrio. Com as poucas forças que ainda me restam. Valeu a pena. Vale sempre. Nem que seja pelo convívio.
Antigamente, quem apanhasse azeitona (para o azeite) antes do dia 13 de Dezembro estava sujeito a coima. Hoje, já ninguém liga a isso. Andam ao despique para ver quem a apanha primeiro. Dizem-me que a culpa é da casta de azeitona que campeia em Bruçó. É muito susceptível à chuva e cai facilmente...
Não sei. Mas saiu-me do lombo. E deu-me na alma...