quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O episódio da fuga do Távora

Excerto de uma carta enviada pelo secretário de Estado Diogo de Mendonça Corte Real a António Luís de Távora (o segundo com este nome), por haver fugido de Mogadouro quando os espanhóis invadiram a cidade de Miranda do Douro em 1710:

"Sua Magestade que Deus guarde hé servido mandar dizer a V. Ex.ª que foi muito do seu real agrado que à primeira surpreza de Miranda se retirasse V. Ex.ª do Mogadouro tão cuidadosa e acelaradamente que não tivesse o mais leve perigo sua pessoa; (...) Cá se dice que achando-se V. Ex.ª nessa província em que hé tão grande senhor que com poder despotico e absoluto uza do seu e do alheio devia deixar-se inflamar de algum eroico espírito que como filho de seu pai conservase para acudir pela reputação portugueza (...)"

A carta é toda ela um verdadeiro tratado. No início fiquei na dúvida se o secretário de Estado o estava a elogiar ou a gozar fortemente com ele. Mas inclino-me claramente para esta segunda hipótese. Imagino o que o rei terá dito lá na corte...

A propósito de reis, li um documento interessantíssimo em que D. Dinis doou a vila de Mirandela a uma amante, em troca do corpo dela (sic) e com a condição de lhe dar filhos! E ainda há quem defenda a monarquia! Estou como o meu amigo Zé Joaquim: o melhor regime político é a ditadura. Desde que eu seja o ditador...