Foto: Antero Neto.
Popular e erradamente conhecido como "Palácio dos Távoras" (os Távoras habitavam no "palácio a que chamam castelo"), o solar dos Pegados agoniza paulatinamente por baixo do pelourinho da vila. Metade foi destruída pelo adquirente da propriedade. Da outra metade, resta o que se vê na fotografia. Das lindas pedras que encimavam a frontaria, diz-se que foram levadas algures para Mirandela, pelos descendentes da família.
Mas, quem foram os Pegados, e como arribaram a terras de Mogadouro? Alfredo Meneres, citado por Casimiro Machado na obra indicada no post anterior, legou-nos um breve apontamento sobre o tema:
"Um descendente dessa nobre geração de fidalgos foi militar graduado e funcionário na corte de Lisboa pelo afortunado advento da Restauração de Portugal.
Por desavenças que ali teve por questões de amores, ferido angustiosamente pelas traiçoeiras setas de Cupido, abalou da capital numa vertiginosa carreira desgarrada e foi prantear a sua desdita para a solidão agreste da vila de Mogadouro onde fundou o seu solar.
O foragido do amor busca o esquecimento da esquiva beldade no remanso da sua nova casa de Mogadouro; aí constitui família e depressa substitui um afecto trivial pelo âmbito da vida doméstica, fonte inexaurível de prazeres e de doçuras.
E assim como Isaú trocou a sua primogenitura por um prato de lentilhas, o nosso Pegado permuta o seu solar de Elvas pelo ninho de fadas de Mogadouro.
Desse enlace derivou a moderna geração dos nobres Pegados, no solar de Mogadouro."
Eis como se transforma um alentejano num transmontano. Em termos mais prosaicos, e seguindo a tendência das revistas cor-de-rosa da actualidade, digamos que o moço se meteu com a fêmea errada e deram-lhe a escolher: o cadafalso, ou Mogadouro. O rapaz fez a escolha acertada e lá ancorou por aqui...