quarta-feira, 11 de abril de 2012

Toponímia mogadourense: Rua dos Távoras

Casa quinhentista, de estilo manuelino, sita na Rua dos Távoras (a casa mais linda da rua, eheheh...)

Continuando a descoberta da toponímia mogadourense, segue-se a "minha rua". A Rua dos Távoras, que confina com a Rua João de Freitas e que com ela se confunde, pela ausência de uma placa informativa no seu início (lacuna que convém colmatar).
Falar dos Távoras num post é tarefa impossível (como diz o meu amigo Pimenta de Castro, a história desta família dava para escrever uma... biblioteca!). Vamos tentar resumi-la em poucas linhas.
O nome tem raíz toponímica e deriva do lugar de Távora, concelho de Tabuaço, distrito de Viseu, derivado do rio com o mesmo nome, e que é afluente do rio Douro. Existe uma lenda acerca do surgimento desta nobre família que remonta às lutas contra os filhos do profeta, algures no séc. XI. De concreto, sabe-se que é família muito antiga, cuja primeira referência surge nas inquirições de D. Afonso III, que indica um tal Pedro Ramires, do tempo de D. Afonso Henriques (Ibn Anriq).
Brasão dos Távoras.
Em 21.10.1391 Pedro Lourenço de Távora teve mercê dos direitos, rendas e tributos de Mogadouro (entre outros). E assim começa a transferência da tenência das terras de Mogadouro para esta nobre família, que veio tomar o lugar outrora ocupado pela sagrada Ordem do Templo.
Reza a opinião local que Mogadouro conheceu progresso com esta família. Reza a história que por aqui passou gente dessa estirpe que soube honrar os seus nobres pergaminhos e outros que nem por isso.
De sua obra visível, ficou a Quinta de Nogueira, a Quinta do Marmoniz, a casa das Ferreiras (casa das colunas, no Largo Conde Ferreira), o Convento de S. Francisco, diversas pontes (Pontão, Ponte de Remondes - a primeira versão) e a transformação do castelo roqueiro em residência ducal (no dizer do invasor espanhol do séc. XVIII: "o palácio a que chamam castelo").
O castelo de Mogadouro na versão Távora - reconstituição da autoria do eng.º Manuel Ferreira.

A sua presença e influência terminou com o processo de 1759, altura em que o Marquês de Pombal dizimou esta família. Mais tarde, já no séc. XIX, este caso haveria de ser fonte de polémica devido à queima da efígie do Marquês pelos populares mogadourenses. Os jornais criticaram esta atitude, que classificaram de reminiscência medievalista e feudal. Trindade Coelho haveria de produzir uma das mais brilhantes páginas da sua prosa com o discurso proferido no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, a defender a honra dos seus conterrâneos...
Brasão dos Távoras, sito na Quinta das Aveleiras, em Torre de Moncorvo, mandado picar pelo Marquês de Pombal, à semelhança de todos os existentes no país.