domingo, 16 de dezembro de 2012

Histórias de contrabando vistas do lado de lá

O meu pai, Antero Lopes, militar da Guarda Fiscal.
 
Graças às histórias que meu pai contava, cedo me familiarizei com o contrabando. Já escrevi um artigo sobre esta prática para a revista "!Bô". E é igualmente tema central de um dos contos do meu primeiro livro, "Serões do Planalto" (Hei-de apanhar-te cão!). O assunto apaixona-me. Cada vez que visito as arribas do Douro, imagino aqueles homens intrépidos ali, no escuro, arriscando a vida, acossados, munidos apenas com arrojo e determinação. E admiro a tenacidade de ambos os lados: guardas e contrabandistas. Envolvidos num estranho diálogo de opostos, conhecendo-se e estudando-se mutuamente no quotidiano ronceiro das pequenas aldeias de fronteira; habitando paredes meias; temendo-se e, simultaneamente, admirando-se.
Mas, vamos ao que me traz aqui hoje: histórias de contrabando e passagem a salto contadas pelos protagonistas espanhóis.

O jornal "La Opinión" de hoje traz uma página dedicada a esta temática, envolvendo as localidades fronteiriças de Fermoselle e Bemposta. Sobre passagens clandestinas, relata um caso curioso: "sin duda alguna, el personaje más importante que cruzó clandestinamente la frontera Fermoselle - Bemposta fue el general y presidente del Gobierno don Juan Prim, que agradeció el favor a Teresa Labrador "Corala" con una moneda de oro".
E, relativamente ao contrabando, confirma aquilo que me tinha dito o meu amigo Evangelino Morais em entrevista relativamente ao caso dos contrabandistas que ele conheceu: "Bemposta nunca contó con contrabando organizado, pues no tenía patrones. Por eso, no generó grandes fortunas, sino apenas formas de subsistencia."