domingo, 27 de outubro de 2013

Gravuras rupestres e castro de Sampaio

Actualmente, em termos administrativos, o lugar de Sampaio pertence à freguesia de Azinhoso, concelho de Mogadouro. Sabemos que em 1530 pertencia ao concelho de Penas Roias e moravam lá 13 habitantes. Em 1758, ainda pertencia ao mesmo concelho e contava com 26 moradores.
Hoje, decidi demandar a chamada "Fraga das Cruzes" e o "Cabeço da Coroa". Por sorte, encontrei ti António Gouveia, figura proeminente da aldeia, que a representou junto da cabeça de freguesia e do concelho durante muitos anos. Figura castiça, não há nada que lhe escape nas redondezas. Excelente interlocutor, vai contando histórias ao longo dos íngremes trilhos que nos conduzem aos destinos pré-traçados. Foi fundamental no cumprimento do programa dominical. Já nos conhecíamos de outras "guerras" (que é como quem diz, de outras "merendas"), e foi novamente um enorme prazer privar com ele.


Fraga das Cruzes e ti António Gouveia (foto: Rita Lopes). Este painel de arte rupestre, inscrito numa fraga em xisto grauvaque apresenta um número indeterminado de cruciformes. A enumeração e definição das gravuras é dificultada pelos líquenes que cobriram esta pequena plataforma debruçada sobre as arribas do rio Sabor. A paisagem é de cortar a respiração. Quanto à origem, datação e significado das gravuras, permanece o enigma. Como é sobejamente sabido, as gravuras cruciformes já eram muito utilizadas antes de o cristianismo se ter apropriado delas como símbolo máximo.


Fotos: Antero Neto.
Observada a fraga, demos um pulo até ao "Cabeço da Coroa" - povoado fortificado, de que restam apenas abundantes vestígios de pedra solta derrubada e daquilo que me pareceu ser um fosso e alguns panos de muralha. A vegetação envolvente é tão densa que dificulta qualquer tentativa de observação mais pormenorizada. Ti Gouveia contou-me que, à semelhança do que tem sucedido noutros sítios idênticos (em Algosinho, por exemplo), tem havido algumas tentativas de localização de um suposto tesouro enterrado sob as ruínas. Como se alguém abandonasse o local e deixasse lá o ouro... O que é certo, é que à custa desses sonhos, a estrutura tem sido danificada de forma irremediável...