terça-feira, 26 de novembro de 2013

Fraga da Moura - Tó

Na sequência do estudo que estou a fazer sobre a aldeia de Tó, fui visitar a "Fraga da Moura". Como se deduz do nome, o local está relacionado com algo místico e muito antigo. Fala-se de uma gravura tipo "pegada". Contudo, após inspecção aturada ao megalito, cheguei à mesma conclusão que os arqueólogos que igualmente a visitaram: não se vislumbra nada de concreto. Mas, que deve ter existido, lá isso deve. Daí o topónimo. O étimo "mouro" (moura, mouros) está sempre relacionado com seres sobrenaturais (raiz celta *MRVOS, que significa "morto" ou "sobrenatural"), ou com pedras e água (também se pode explicar a partir da raiz pré-indo-europeia *MOR, que significa "pedra" ou "montão de pedras").
 Aparente conjunto de pegadas. Parecem-me resultantes da erosão.
 Aparente gravura cruciforme, a encimar um rectângulo. Pode resultar de acção humana.
A "pegada" em causa. Na prática, é uma covinha, com canal de escoamento. 
Fotos: Antero Neto.

Desconheço a finalidade desta covinha. No entanto, pareceu-me observar mais algumas ao longo da fraga. Mas, como estavam de tal maneira desgastadas pela erosão, fiquei com dúvidas se o seriam mesmo.

A esta fraga encontra-se associada uma lenda: diz o povo que está lá uma moura encantada a fiar. E que nas noites de lua cheia se pode ouvir o tear. Um dia, virá um príncipe que a desencantará e ficará com o tear, que é feito de ouro.
Segundo me relatou D. Balbina, os miúdos aproveitavam para caçoar uns dos outros. Mandavam os mais novos encostar a cabeça à pedra, para ouvirem o tear e, então, empurravam-lhes a cabeça contra a fraga.