terça-feira, 15 de abril de 2014

Incursão arqueológica por Tó, Travanca e Palaçoulo

O bom tempo convida a sair para o campo e para revisitar a riqueza patrimonial das nossas terras. Desta feita, tive o privilégio de poder acompanhar uma equipa chefiada pela Dra. Maria de Jesus Sanches, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e uma das arqueólogas mais prestigiadas a nível internacional. Recordo que é nossa conterrânea, natural de Peredo da Bemposta. Possui um curriculum académico verdadeiramente impressionante, sendo considerada uma das maiores autoridades nesta matéria. Por essa razão, a incursão revestiu-se de acrescido interesse, pois permitiu-me apreender conceitos novos e enriquecer sobremaneira o conhecimento rudimentar que nesta área possuo.
Começámos por Tó, onde regressei àquilo que designo por "fraga das covinhas". Tivemos novamente a Manuela e a D. Balbina a conduzir-nos a este interessante conjunto, onde descobri gravuras que me tinham passado despercebidas, nomeadamente os filiformes, ou "unhadas", que enchem o local.

 A fraga das covinhas (em Tó) e pormenor do painel, onde se podem observar as "unhadas" junto às covinhas.
 E se de repente um arqueólogo sacar da gaita de foles e desatar a tocar belas músicas no meio da floresta? Magnífico momento que haveria de se repetir em Palaçoulo.
 Pequeno painel de arte rupestre que tinha passado despercebido, e que praticamente só é observável com recurso a iluminação artificial.
 A preparar a merenda, já em Palaçoulo.
O cervídeo do Passadeiro, que ainda irá dar que falar...
Fotos: Antero Neto (clicar nas imagens para ampliar).
A finalizar este registo, resta agradecer ainda ao meu irmão João e a António Cangueiro, que nos serviram de guias em Palaçoulo. A propósito de António Cangueiro, não posso deixar de registar aqui a explicação que ele me deu para as gravuras (unhadas) dos locais de Carvão e Passadeiro. No primeiro caso, diz ele que como nas imediações há várias hortas e um ribeiro, as unhadas representariam as vezes a que cada um dos vizinhos tinha direito de usar a água para rega. No segundo caso, teria sido um pastor que estaria a anotar na parede da fraga as cabeças de gado, à medida que estas atravessavam a ribeira para o outro lado, para que não se perdesse nenhuma...