terça-feira, 29 de julho de 2014

O cultivo do sumagre em terras de Mogadouro

“He abundante de trigo, centeyo, vinho, algum azeite, muito sumagre, castanha, linho pouco, e boas hortaliças.”

Descrição corográfica da aldeia de Bruçó (1747)
Sumagre, nas arribas de Vilarinho dos Galegos (foto: Antero Neto).

No entanto, [o sumagre] chegou a ser uma das principais fontes de riqueza das zonas ribeirinhas transmontanas, nomeadamente nos séc.s XVI e XVII. A esse facto não é alheia a forte comunidade judaica transmontana com ligação à curtição e comercialização de peles (com reminiscências recentes nas localidades de Carção e Argozelo, no concelho de Vimioso, onde ficaram famosos os peliqueiros).
O uso do sumagre era precedido de um processo de preparação que envolvia a secagem das folhas e subsequente redução a pó em moinhos próprios, muito semelhantes aos do azeite, e que se denominavam atafonas.
Foi na transição do séc. XVII para o séc. XVIII que se deu o auge desta cultura em toda a região de Riba-Douro, chegando a assumir um certo protagonismo nas exportações portuguesas para o norte da Europa, que era grande produtor de peles, mas que não produzia sumagre, que apenas se dá em zonas com clima mediterrânico.” (NETO, Antero, in, BRUÇÓ - As Memórias Paroquiais de 1747 e 1758 - Notas Históricas e Etnográficas)