domingo, 4 de outubro de 2015

Etnografia transmontana

Já por aqui fui divulgando alguns exemplos de bem querer ao património histórico e etnográfico transmontano que constituem pequenos repositórios da nossa memória colectiva. Autênticos guardiões das nossas tradições, usos e costumes, estes raros casos de conterrâneos que insistem em preservar a herança cultural dos nossos ancestrais, correm, no entanto, o risco de um dia ver o seu trabalho desvanecer-se devido à incúria dos responsáveis políticos, pois nada nos garante que os seus sucessores se venham a preocupar com a manutenção do valioso espólio que têm angariado e preservado. Lembro-me, assim de repente, dos casos de ti Delgado, em Peredo da Bemposta, ou de Isaías Cordeiro, em Castelo Branco, só para citar os que me são mais próximos.
Este sábado, fui até Palaçoulo visitar tiu José Francisco Fernandes, com quem tinha trocado leves impressões há alguns meses atrás. Simpatizei com ele e ficou prometida visita ao seu "museu" caseiro, bem como à sua biblioteca. Ancião de 88 anos de idade, foi funcionário público (serviço de Finanças) e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da aldeia, nomeadamente no que diz respeito ao sector cooperativo e bancário. Tem vários livros escritos em língua mirandesa, de onde se destaca "Miranda Yê La Mie Tiêrra".
Sucede que, por motivo de doença, não me pôde atender. Abriu-nos a porta seu filho David, que amavelmente nos deixou captar algumas fotos. Aqui fica o meu agradecimento e alguns dos registos deste material que aguarda que alguém lhe dê morada que possa revelá-lo a todos os estudiosos, visitantes e meros curiosos:






Este tear encontra-se na "Casa del Parque", em Fermoselle, Espanha.