quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Ratinho e ti Manuel Relojoeiro

São duas figuras incontornáveis da cena mogadourense do século passado. Ainda os conheci bem. Pode-se dizer que eram dois poetas populares.
Com a devida vénia a António José Salgado Rodrigues, que os publicou na sua página de Facebook, aqui se transcrevem os versos ( redacção com revisão dos erros ortográficos) dedicados por ti Manuel Pintor ("Relojoeiro") ao Ratinho, após a sua morte:

"MOGADOURO DE LUTO

MORREU O RATINHO
(Adeus Ratinho)

Morreu o velho Ratinho,
Perdeu a vila um tesouro,
Baixou o preço do vinho,
Nas tascas de Mogadouro.

Todos disseram coitado,
A ninguém fazia mal,
Com a garrafinha ao lado,
Viva o nosso Portugal.

Cantava hinos ciganos,
À porta dos benfeitores.
Assim de ano para ano,
Arranjou alguns valores.

Pela família abandonado
Vida fora do normal.
Morreu muito bem tratado
Numa cama do hospital.

Só bebia vinho tinto,
Não gostava de aguardente,
Dizia a todos, não minto,
E canto para toda a gente.

Uma ilustre senhora,
Dotada de dotes mui nobres,
Foi sua procuradora
E sempre amiga dos pobres.

Seguiu para Castelo Branco,
Nessa terra sepultar.
Todo vestido de branco,
Para nunca mais voltar.

Adeus Ratinho.

Mogadouro 2-4-87
MANUEL PINTOR."


     Ratinho (fotografado por F. dos Santos).

António Salgado Rodrigues conta ainda uma hilariante história que se passou com o Ratinho:

"Uma ocasião, indo eu de Valverde para Meirinhos, encontrei-o à saída e fomos os dois.Chegados a Meirinhos fomos para a minha adega. Surgiram alguns amigos meus, bebeu-se uma rodada, e enquanto conversava com eles, dei pela falta do Ratinho. Qual o nosso espanto, quando o vemos deitado de barriga para o ar, com a boca na torneira a atestar ..."