sábado, 1 de outubro de 2016

O pelourinho de Mogadouro

I. OS PELOURINHOS

“Os pelourinhos, solitárias mas majestosas colunas de pedra, são o símbolo material da autoridade e autonomia de concelhos medievais e de alguns senhores laicos e religiosos. O pelourinho primitivo seria uma simples coluna de pedra cravada no chão, dando centralidade ao local que ocupava. Seria a continuidade da vara, símbolo do poder que era atribuído, primeiro, pela divindade, ao condutor de homens, como lembram a vara de Moisés, o báculo do bispo ou do papa, a vara do provedor de qualquer irmandade ou confraria, ou mesmo a vara do pastor, cuja vara e função têm permitido, ao longo dos séculos, múltiplas parábolas e metáforas.” (in: PELOURINHOS DA BEIRA INTERIOR. UMA PÁGINA ESQUECIDA NA HISTÓRIA DE PORTUGAL – António Maria Romeiro Carvalho).


VITERBO, no seu elucidário diz-nos que “Picota” era um pelourinho com cadeias onde os criminosos eram expostos à vergonha. A cidade de Viseu tinha uma postura, emitida pela respectiva câmara, datada do séc. XIV, que determinava que os talhantes e os padeiros que roubassem no peso dos respectivos produtos fossem presos e expostos na picota.

Desenho da vila de Mogadouro (séc. XVI - Duarte d'Armas) com o pelourinho encimado por capitel em forma de gaiola.
Pormenor do capitel actual do pelourinho de Mogadouro.
Imagem do pelourinho. No lado direito da foto pode observar-se parte do belíssimo frontão da entrada do palácio dos Pegados (conhecido popularmente e erradamente por "palácio dos Távoras").

II. O PELOURINHO DE MOGADOURO

Como se pode ver na primeira imagem, o capitel original era em forma de gaiola. Esta estrutura podia servir para expor os criminosos, dependendo do seu tamanho.

“Observando o livro das fortalezas de Duarte de Armas, o escudeiro de D. Manuel que percorreu o país desenhando as fortalezas ao natural, percebe-se que o pelourinho original e que, muito possivelmente, era coevo do foral manuelino, não corresponde ao actual. Era, conforme o desenho de Duarte de Armas, um pelourinho de gaiola (MALAFAIA, 1997, p. 268).
Não se sabe em que época foi substituído pelo que hoje se conhece. Este, ergue-se sobre uma plataforma de três degraus quadrangulares, sobre os quais assenta a base e a coluna, formada por três anéis oitavados e por fuste se secção octogonal, dividida em quatro registos, um dos quais deverá ter tido uma argola. Do capitel, circular, saem quatro braços formando uma cruz grega e o remate, em forma de pirâmide, é decorado por dois conjuntos de meias esferas.” (in: http://www.patrimoniocultural.pt)