domingo, 18 de junho de 2017

Viagem a Castro Vicente

Hoje foi dia de viagem até Castro Vicente. Aproveitando compromissos profissionais da patroa, desloquei-me até à "vila", outrora sede concelhia.

Pelourinho local, símbolo de autonomia administrativa de antanho.
 Pormenor da entrada da igreja que, eventualmente, remontará à época da primitiva construção do templo, que agora está irreconhecível, tantas foram as adulterações arquitectónicas sofridas ao longo da sua existência.
Curioso pormenor arquitectónico numa casa próxima do pelourinho.

A pior surpresa do dia estava reservada para a visita à fonte de mergulho do séc. XVIII, que se encontra fora do traçado urbano da localidade, e onde já tinha estado em 2010 (conforme se pode verificar aqui). Esta estrutura foi alvo de uma intervenção arquitectónica que configura um verdadeiro crime patrimonial, pelo qual alguém deveria ser responsabilizado. Além de lhe picarem completamente o reboco, deixando-a vulnerável à acção destruidora dos factores ambientais, nomeadamente à erosão provocada naturalmente pelos elementos climatéricos, ainda danificaram parte dos elementos decorativos com a pretensa e agressiva limpeza a que os sujeitaram. Como costuma dizer o arquitecto Jorge Lira, quando se elimina o reboco que protege as paredes de alvenaria de uma determinada construção, é o equivalente a retirar a pele a um ser vivo e deixá-lo circular sem ela, completamente indefeso perante as ameaças exteriores. Se o reboco lá estava, por alguma razão era... (além da questão estética).

 Elemento decorativo, com a inscrição da data da construção (1798), que actualmente se encontra danificado.

Aspecto da fonte em 2010.

 Em 1796, dois anos antes da construção da fonte de mergulho em causa, a vila de Castro Vicente tinha 102 fogos, habitados por 189 homens e 196 mulheres. Destes, 5 eram eclesiásticos, 1 era literato, 2 não tinham ocupação, 1 era barbeiro, 24 lavradores, 26 jornaleiros, 3 alfaiates, 3 sapateiros, 4 carpinteiros, 1 ferreiro, 3 cardadores, 2 moleiros, 2 criados e 2 criadas.

Para finalizar, deixo um abraço aos manos Aragão (Carlos e Eduardo) e respectivas esposas pela hospitalidade e pela simpatia com que nos obsequiaram.