sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Barrocal: paraíso escondido

Aproveitando o título do livro que Michele Cannatà e Fátima Fernandes, "Moderno Escondido", dedicaram à arquitectura das barragens de Bemposta, Picote e Miranda do Douro, todas no Douro internacional, optei por chamar ao sítio do Barrocal, freguesia de Picote, Miranda do Douro, o "paraíso escondido". Efectivamente, a sensação com que fico de cada vez que lá vou é a de que cheguei a uma espécie de paraíso escondido no meio de nenhures. A arquitectura e a paisagem são de cortar a respiração. Apetece ficar por ali longas horas a contemplar esta magnífica simbiose entre aquilo que a pródiga mãe Natureza nos proporciona e o que as mãos geniais dos arquitectos desenharam para este local votado ao semi-abandono pela proprietária dos edifícios (a paupérrima REN, presumo...).


 Os belíssimos edifícios (arquitectura da década de 50 do séc. XX), superiormente integrados na paisagem natural. Estão cada vez mais danificados, o que é uma pena. A proprietária podia perfeitamente colocá-los à venda, pois tenho a certeza de que haveria gente interessada na aquisição.
Piscina do complexo. Ao lado existe um court de ténis e ringue multi-funcional.
 A singular pousada. Este edifício foi criteriosamente recuperado e encontra-se em funcionamento. O espaço natural envolvente é igualmente lindíssimo.

 A igreja, de igual recorte arquitectónico moderno. Muito interessante. No local existe uma placa em homenagem ao meu conterrâneo padre Telmo Ferraz, que dedicou uma relevante parte da sua vida ao conforto destas gentes. Dessa experiência nasceu uma das mais belas e pungentes obras literárias, que podemos enquadrar no movimento neorrealista: "O Lodo e as Estrelas".
 Casa de operário, com enquadramento perfeito.
 Berrão, exposto no centro de Picote.
Picote também vale uma visita demorada. Quer para os amantes da arqueologia, como para os apreciadores da natureza selvagem destas latitudes. Se por lá andarem, não deixem de visitar o "Ecomuseu", onde, além dos temas do quotidiano rural, se podem observar algumas peças arqueológicas, como estes fragmentos de berrões recentemente descobertos em obras numa casa particular. A simpática guia que nos recebeu, ainda nos conduziu à sede da Associação Frauga, onde adquirimos livros e produtos da terra.
A escassos metros da Associação, existe um miradouro: a fraga do Puio. Além da gravura de um arqueiro, que mal se consegue descortinar e que, em minha opinião devia estar salvaguardada com um tipo de protecção qualquer, os visitantes podem desfrutar desta bela vista sobre o rio Douro.