segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Nossa Senhora do Caminho - a data da festa

Mapa da vila de Mogadouro traçado pelos invasores espanhóis em 1762. A capela de Nossa Senhora do Caminho vem desenhada e assinalada (dentro do círculo a vermelho), tal como os álamos negros que ladeavam a alameda.

Cartaz das festas com a representação gráfica do andor velho, em forma de lira, que foi substituído no séc. XX pelo actual.

Como vem sendo hábito, as festividades em honra de Nossa Senhora do Caminho têm-se realizado no último fim-de-semana do mês de Agosto. Contudo, nem sempre foi assim. Ainda não há muito tempo atrás se optou pelo penúltimo, tendo em consideração o facto de os nossos emigrantes raramente poderem ficar para o final do mês. Mas, com o argumento da "tradição", retomou-se o uso do último sábado e domingo.
Terá fundamento histórico essa dita "tradição"? Não. Não obstante a maior parte dos cartazes conhecidos do séc. XX apontar sempre para essa ocasião, o que é facto é que o documento escrito mais antigo até agora conhecido menciona o dia... 15 de Agosto!
Vejamos o que escreveu o padre Luís Rodrigues de Carvalho, pároco de Mogadouro, em 8 de Abril de 1758:

"Tem a dita villa suas irmidas, hua dentro della que hé o Espirito Santo e hua pera o Poente que hé da Senhora Santa Anna. Hum nicho de Sam Sebastiam feito à romana à entrada da villa pera a parte do Norte. E se seguem duas filas de alamos pretos que fermoseiam hum grande paceio que finda na capella de Nossa Senhora do Caminho, a cuja Senhora se faz a sua festa solene a quinze de Agosto."

Esta é a informação escrita conhecida mais próxima, cronologicamente falando, da origem da festa. Quanto à data concreta do seu surgimento, não conheço documento que a refira.

Andor velho.

Quando, por quem e porque é que a data foi alterada, também não sei. Talvez tenha sido a Irmandade, criada no final do séc. XIX e que passou a organizar a festa até meados do séc. XX, a responsável pela mudança.
O que me parece é que, atendendo ao forte contingente de mogadourenses emigrados, principalmente a partir dos anos 60 do séc. XX, e que hoje perdura, faz todo o sentido retomar a data primitiva, proporcionando assim a todos os que vivem na diáspora a plena comunhão da festa junto dos seus entes queridos.