terça-feira, 22 de abril de 2008

Novo livro do Dr. Pimenta de Castro

Saúda-se a edição de mais um livro do Dr. Pimenta de Castro, ilustre mogadourense "por encavanço". Aqui fica o teor de uma das notícias acerca do evento:

"O senhor Barros dentista”

por Glória Lopes
Terça, 15 Abril 2008
"Há pessoas que cruzam os nossos caminhos cujas marcas indeléveis da sua personalidade nos acompanham o resto da vida, tal é o seu carisma. João Bernardo Sárrea de Barros (1902-1994) será uma dessas figuras raras, não só pela profissão de dentista, que exerceu durante mais de décadas em Torre de Moncorvo e Mogadouro, com o seu trabalho a ter ressonância nos concelhos vizinhos, mas também pela sua própria maneira de estar. António Pimenta de Castro, minhoto por nascimento, mas transmontano de coração, professor de História em Torre de Moncorvo, residente e Mogadouro há mais de 20 anos, conheceu-o, admirou-o e decidiu verter em texto a afeição e o respeito que nutriu pelo Senhor Barros, o dentista que não era doutor, mas que os clientes teimavam em tratar por doutor, apesar de a placa do seu consultório em Mogadouro ser bem clara quanto à não detenção do grau académico. O resultado já está à vista numa brochura onde o professor narra um pouco da biografia do dentista Barros, a forma como o conheceu, bem como episódios da sua vivência em Trás-os-Montes, uma terra que também não era a sua, mas que o acolheu bem. Tal como Pimenta de Castro, o Senhor Barros era minhoto e fixou-se em Torre de Moncorvo em 1928, onde não havia nenhum dentista, tinha então 27 anos. Trabalhou durante 65 anos.As qualidades profissionais, mas também o seu carácter “estruturalmente honesto”, escreve Pimenta de Castro, e um homem de vasta cultura, no âmbito do conhecimento científico e técnico. Escreveu inúmeros artigos em revistas e jornais, mas também um livro “Domínio da Cárie e da Piorreia”. Aos 85 anos o Senhor Barros foi condecorado como o melhor dentista do ano em 1986 pelo Sindicato Nacional dos Odontologistas que lhe concederam a medalha de Mérito, e dois anos antes foi-lhe sido atribuída o colar de Santa Apolónia, padroeira dos dentistas." Jornal "O Informativo"
Resta-me acrescentar que o Sr. Barros ainda me arrancou dois dentes. Tinha eu 17 anos. E lembro-me da antecâmara do consultório cheio de velhinhas. Elas diziam-lhe:
- Ai senhor doutor...
E ele respondia, aos berros:
- Já lhe disse que não sou doutor! Trate-me por sr. Barros!
Eu ouvia aquilo e até ficava a tremer. Mas a mim tratou-me muito bem. Quando lhe disse que estudava em Coimbra, quase me fez a vénia. Lá me arrancou os dentes. Quando me vi dali para fora, suspirei de alívio, e jurei que nunca mais lá entrava...