quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mau aluno

O cliente consultou o Advogado, em Mogadouro. Teve um acidente num itinerário principal. A via encontrava-se demarcada por redes supostamente intransponíveis. Chocou contra um canídeo.
O Advogado perguntou-lhe:
- E testemunhas? Alguém presenciou o acidente?
- Não.
- Então não temos caso.
- Mas... doutor... eu tive muito prejuízo!
- Arranje testemunhas e depois falamos.
- Eu tenho um amigo... Ele pode ir dizer que viu tudo...
- Está bem. Traga-mo cá.
Assim foi. O amigo comprometeu-se a dizer o que supostamente tinha presenciado. O Advogado disse-lhe:
- Você trate de sonhar com o acidente até ao dia do julgamento.

Não tinha fé na testemunha. Mas era a tábua de salvação que o cliente lhe tinha apresentado...
Chegado o dia da audiência a testemunha começou a depor. Com inteira segurança. O Advogado assistia pasmado com as certezas do rapaz. Ele tinha mesmo sonhado com o acidente!
O Advogado do Estado é que não estava satisfeito. Tinha-se apercebido que o depoimento era demasiado certinho para ser verdadeiro. Em desespero de causa perante a frieza do depoente, procurou armar-lhe uma rasteira:
- Na altura do acidente, o senhor a que distância seguia do seu colega?
- Olhe, sr. dr., devia ir praí a 200 ou 300 metros atrás dele.
- Eram 200, ou eram 300?
- Não consigo precisar...
- Então, mas o sr. não é estudante de engenharia civil?
- Sou!
- E então, sendo estudante de engenharia, não consegue calcular com precisão a distância a que seguia do seu colega?
Perante esta pergunta, o Advogado do sinistrado pensou: "Já se lixou tudo! O gajo vai cair que nem um pato!"
Mas não! O indíviduo acomodou-se na cadeira. Cruzou as pernas. E com a maior calma do mundo, respondeu:
- Olhe, sr. dr., nem todos podemos ser bons alunos...
O trio de juízes e os restantes presentes desataram a rir à gargalhada. Desarme completo...