sábado, 1 de maio de 2010

Ir até Vale de Castelo...

E encontrar pedras com formas bizarras...
Com rugas...
Atravessar pequenas pontes em pedra, sobre ribeiros pujantes...
Encontrar construções de antanho...
E as cores da bandeira nacional. Vermelho...
Amarelo e verde...
Observar ninhos por debaixo das pedras...
E secções de muralha castreja impecáveis...
Curvas com perfil único...
Passarões que nos viram as costas...
Mas que se apressam a cumprimentar os turistas do barco, que rasga o silêncio do rio...
Fotos: Antero Neto.

Quando há vinte e tal anos atrás, o meu primo Adolpho Machado veio do Brasil visitar a família de Bruçó, levei-o a conhecer esta paisagem. Durante a caminhada, virou-se para mim e perguntou: "primo, você cresceu por aqui? Brincou por aqui?"
Eu, meio atarantado com a invectiva, respondi timidamente: "sim..." (na minha mente perduravam as memórias das sacas de azeitona que tinha puxado das arribas, tantas vezes debaixo de água. E dos dias gastos, de enxada em punho, a escavar os socalcos das oliveiras).
O meu transatlântico parente exclamou: "primo, você foi um cara muito feliz!"
Depois explicou-me que tinha crescido na selva urbana de São Paulo. E, aí, eu compreendi a razão dele. E ainda hoje o compreendo. Cada vez mais.