terça-feira, 21 de agosto de 2012

A festa do "Porco Bispo" em Meirinhos

Sensivelmente a meio da semana passada, recebi um convite de Amadeu Ferreira para o acompanhar, juntamente com António Cangueiro e esposa, numa pesquisa de campo a Meirinhos, com o intuito de indagar no terreno a eventual existência de resquícios e memórias da "Festa do Porco Bispo", de que nos legou relato escrito o estudioso J. R. dos Santos Junior.
O convite de Amadeu surge na sequência de um interessante projecto cultural que está a dinamizar e que se chama "Primeiro Encontro de Contos e Contadores do Planalto Mirandês, Sendim, 3 e 4 de Agosto de 2013" (o evento pode ser acompanhado aqui: http://melracachelra.blogspot.pt/, ou no Facebook - página "Melra Cachelra").
A ida a Meirinhos resultou infrutífera. Alguns locais conhecem a história da festa pelo relato supracitado ("O Pisco. Erithaculus Rubecula, Numa Festa Popular De Exuberante Simbolismo"). Mas não existe memória real do mesmo.



Fotos: António Cangueiro
A receber-nos esteve o sr. Edgar Bernardes, um amigo dos tempos da minha militância política, que nos conduziu a casa de uma sua parente, com 96 anos de idade que, apesar de ainda conservar boa memória, não conseguiu relatar factos concretos que se prendam com a referida festa solsticial.
É impressionante como a tradição se foi perdendo, ao ponto de desaparecer da memória colectiva. Que factores terão estado na origem de tal dissipação, é igualmente um mistério.
Em resumo, o Porco Bispo é uma pequena ave migratória (igualmente conhecida por Pisco), que arriva a estas paragens em pleno Inverno.
Foto: Wikipédia
Os habitantes de Meirinhos organizavam a festa em torno do passareco, com assinalável ironia. Por ser extenso o relato, aqui fica o atalho para a história que está disponível on line: http://www.ardeola.org/files/1113.pdf.

De Meirinhos, descemos até à ponte da estrada que dá acesso a Valverde. Ali pudemos verificar que se trata de uma construção do séc. XVII, provavelmente mandada edificar pelos Távoras.
Foto: António Cangueiro.
A finalizar, resta acrescentar que foi uma tarde magnífica, passada em óptima companhia. Pelo caminho, ainda houve tempo para pequenas reflexões toponímicas, em que Amadeu Ferreira foi dando algumas lições de Mestre, tecendo aqui e ali, considerandos muito ricos sobre alguns topónimos mogadourenses, como Zava e Tó, por exemplo.