domingo, 21 de abril de 2013

Fraga do Gato

O meu vizinho e amigo, Manuel Alípio, quis ir mostrar-me a "Fraga do Gato". O topónimo despertou-me logo a atenção. Nunca tinha ouvido falar de semelhante fraga em Bruçó. Normalmente, este tipo de nome anda associado a locais com conotação histórica e arqueológica. Esta não constitui excepção: situa-se em pleno castro de Bruçó. Apesar dos seus 87 anos de idade, ti Manuel Alípio demonstra uma destreza e agilidade invulgares. E denota igualmente alguns conhecimentos interessantes...

... como por exemplo, o de que estas pedras (fincadas) estavam assim dispostas no terreno para ajudar a travar os cavalos dos homens que atacavam os "mouros"!

Destemido, a escassos centímetros do abismo, reviveu histórias de outrora. Como aquela do Gomes, que foi assassinado e atirado para as arribas. O corpo, ou o que restava dele, veio a ser descoberto por um jovem pastor. Os culpados nunca foram julgados, apesar de toda a aldeia saber quem foram. "Foi ali! A seguir àquela fraga, que o deitaram! Trouxeram-no a cavalo e passaram naquela pontezinha lá atrás..."
 A "Fraga do Gato" (a da direita) tem uma gravura de um gato esculpida no topo. Pelo menos, é isso que me jura ti Manuel Alípio e confirma, mais tarde, já na aldeia, ti Evaristo. Também me disseram que uma vez por ano, na madrugada do dia de S. João, se ouve o barulho de um tear a fiar junto à fraga. No local, foi impossível trepar à pedra, pois é enorme e não apresenta saliências que permitam apoios para pés e mãos.
Pelo caminho, constataram-se métodos para seccionar as fragas e obter pedra solta para construção (supostamente, encaixam-se cunhas de madeira nos buracos. Molha-se a madeira e as fendas vão alargando até partir a pedra). Desconhece-se a cronologia dos mesmos.
Fotos: Antero Neto.