quinta-feira, 29 de junho de 2017

Toca a banda no Coreto...

Local de brincadeiras de infância, sobretudo em dias festivos, o Coreto de Mogadouro, situado na Alameda de Nossa Senhora do Caminho já teve outra configuração. Desconheço a data desta fotografia, mas deduzo que a estrutura fosse móvel e edificada em madeira:


Entretanto e segundo a data que figura no mesmo, em 1954 foi erigido o coreto fixo em estrutura de betão, que ainda hoje pode ser observado no referido local.

Fotografia de Albano Nascimento (clicar nas imagens para ampliar).

Em Urrós existe o topónimo "Largo do Coreto", pelo que intuo que ali tivesse existido um coreto. Os coretos serviram durante anos como palcos fundamentais para as exibições musicais, em épocas em que os rádios não existiam, ou ainda escasseavam. Nos dias que correm, na principal festa do concelho, é usual as bandas filarmónicas tocarem ali umas músicas para os apreciadores do género. Alguns coretos são verdadeiras jóias arquitectónicas que podem ser admiradas um pouco por esse país fora.

A palavra "Coreto" terá provável origem no grego "khoros", que em latim deu "Choru" (dança; palco elevado, usado nas igrejas para albergar o "coro"). Curiosamente, quando surgiram em Portugal começaram por se designar "quiosques" (kioscos) e eram móveis. Terão surgido em finais do séc. XVIII, após a revolução francesa.

A expansão urbana teve início na segunda metade do séc. XIX e prolongou–se até às primeiras décadas do séc. XX. Com a criação de avenidas e parques nas cidades, as praças ajardinadas e jardins públicos em Portugal introduziram uma nova configuração urbana e trouxeram consigo novas práticas de sociabilidade, de cultura e lazer. Na maior parte dessas praças e jardins, havia espaços intimistas característicos dos ideais do romantismo, espaços essencialmente lúdicos e de animação cultural, e quase sempre um coreto onde as bandas de música actuavam aos domingos e em dias de festa. A maioria dos coretos, lugares de cultura a que a população tinha acesso de forma livre e gratuita, foram construídos após os ideais da Revolução Francesa, entre finais de oitocentos e os primeiros anos do século XX, em madeira ou em ferro, possuindo formas variadas. Construções arquitectónicas amadas pelo povo e símbolos de liberdade surgiram em finais do século XVIII como estruturas móveis, uma espécie de pequeno palco ou estrado, levantado na maioria dos casos no “coração” do jardim.” – Elisa Lessa – “O jardim, o coreto e a banda de música: diálogos entre cultura e natureza” (Universidade do Minho), pág. 2.