sábado, 2 de abril de 2016

Tascas de Mogadouro

Enquanto esperamos pela publicação do trabalho do amigo Victor Valdemar Lopes sobre as tascas de Mogadouro, vamos recolhendo aqui e ali alguns depoimentos interessantes. Em dia estafante, após árduo trabalho agrícola, encontrei-me com a habitual trupe no restaurante "Paladares de Sempre", propriedade do simpático e competente casal Eduardo e Natércia. Ti Henrique "Cigarrilha", com a sua habitual proverbialidade, começou a fazer desfilar uma galeria de personagens únicas e inimitáveis que pontuaram o quotidiano mogadourense.

Velho livro de contabilidade da tasca de meu avô.
Lembrei-me de uma história que me contou meu avô paterno, José Lopes, natural de Carviçais (mais conhecido por ti Zé Cató), que foi proprietário de uma tasca em Bruçó. Dizia ele que quando determinado grupo começava a jogar à sueca, e depois de já estar bem bebido, misturava nas canecas metade vinho e metade água, para fazer render a noite. Todos bebiam a mistela sem protesto. Excepto um. Esse, que era o que bebia mais, quando sentia que o vinho tinha sido adulterado, dizia logo: "ó ti Zé, não baptize o vinho!"
Vem isto a propósito da tasca do "Chico Padrinho" que, segundo ti Henrique contou, secundado por outros presentes, lavava os copos do vinho tinto numa pia de pedra cheia de água. A páginas tantas, a água da pia já estava tão tingida, que os últimos clientes bebiam-na como se fosse vinho....